Dores de cabeça podem ser tratadas por dentistas?

28 de fevereiro de 2020
Dores de cabeça podem ser tratadas por dentistas?

De acordo com o senso comum, as dores de cabeça costumam ser relacionadas a problemas no cérebro, lesões e concussões. É possível que profissionais de Odontologia sejam qualificados para o tratamento desta questão? Entenda neste artigo escrito pelo professor Ricardo Tesch, da FMP/Fase!

 

 

As cefaleias (dores de cabeça) são as desordens neurológicas mais prevalentes, entre as quais a enxaqueca é uma de suas formas primárias mais comuns , afetando cerca de 12% da população adulta de países ocidentais. Assim como as disfunções temporomandibulares (DTM) – também as mais frequentes das condições dolorosas crônicas orofaciais -, a enxaqueca acomete, comumente, mulheres em idade reprodutiva, e sua prevalência cai fortemente com o avanço da idade.

Ambas as desordens causam impacto significativo na qualidade de vida dos pacientes, podendo chegar à manifestação de comportamentos profundamente incapacitantes, com interferências significativas nas atividades diárias de quem as sofre.

Embora estimativas apontem que cerca de 10% da população se queixe de dores associadas às DTM, apenas metade desses pacientes buscam tratamento. Em qualquer momento particular, a procura por tratamento para DTM parece estar predominantemente correlacionada à presença de dor e sua gravidade, sendo o alívio dessa o indicador mais confiável, por meio do qual pacientes e profissionais de saúde julgam o sucesso do tratamento.

 

 

Nas últimas décadas, enormes avanços foram feitos na identificação de estruturas e processos, tanto fisiopatológicos quanto comportamentais, que contribuam para a fenomenologia dessas modalidades de dor crônica. Sabe-se que há considerável sobreposição na fisiopatologia dessas condições; a enxaqueca e a DTM frequentemente coexistem em um mesmo paciente e a relação entre ambas é complexa.

Pacientes que sofrem de enxaqueca regularmente sentem dor em áreas relacionadas ao sistema mastigatório , enquanto pacientes com DTM, também com frequência, experimentam dores de cabeça. Finalmente, a enxaqueca e a DTM são condições comórbidas, e o fenótipo final de pacientes com essa comorbidade pode representar o resultado da contribuição de ambas.

 

 

A enxaqueca e a DTM compartilham outras características, como a duração da dor, seu padrão temporal e a presença de desordens psiquiátricas comórbidas. Além disso, a gravidade da dor experimentada por pacientes com DTM frequentemente se correlaciona com a gravidade da cefaleia por enxaqueca.

Dessa forma, sugere-se que ambas sejam influenciadas por fatores predisponentes comuns, ou que, ao menos, compartilhem dos mesmos mecanismos periféricos e/ou centrais. Mecanismos de sensibilização central estão provavelmente envolvidos na fisiopatologia de ambas as condições. Por isso, a DTM e a enxaqueca podem agravar ou perpetuar uma à outra; indivíduos com enxaqueca podem ter sua cefaleia piorada por uma DTM coexistente, sendo o contrário igualmente possível.

 

 

Assim sendo, dentistas habilitados no diagnóstico e controle de casos de DTM, especialmente muscular, podem, sim, contribuir para o tratamento de pacientes com enxaqueca concomitante, dentro de um ambiente multidisciplinar.

Ricardo Tesch
Coordenador da Especialização em DTM e Dor Orofacial da FMP/Fase


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29 de outubro de 2025
Até quinta-feira (30) acontece a 31ª Semana Científica da UNIFASE/FMP, que neste ano tem como tema "Entre a serra e o mar - interfaces entre saúde, ecossistemas e tecnologias", promovendo uma troca de ideias entre os conhecimentos acadêmicos e a sociedade. "Toda escola é uma casa de aprendizado, mas é um aprendizado que não pode jamais ser desconectado da realidade da sociedade. Saúde é um conceito muito amplo, que fala do bem-estar global das pessoas, mas está diretamente ligada ao meio ambiente, onde nós vivemos e nos desenvolvemos. O nosso aprendizado, nosso fazer e nossa tecnologia não podem jamais estar descolados desse bem-estar do cuidado com os outros e da própria existência. A Semana Científica da UNIFASE/FMP tem que ser vista sob essa perspectiva de trazer os nossos saberes para a construção de uma sociedade inclusiva, justa e saudável", comenta Jorge D á u, presidente da Fundação Octacílio Gualberto, mantenedora da UNIFASE/FMP e da Escola Técnica Irmã Dulce Bastos. São mais de 1.100 inscritos, 234 trabalhos aprovados e mais de 70 palestrantes em um dos eventos acadêmicos mais tradicionais da instituição. "É muito importante trazermos para a nossa reflexão esse tema, que é o assunto do momento. Estamos a poucas semanas da COP30, que vai justamente discutir como estamos tratando a vida. Desejo que durante a Semana, os participantes vejam, reflitam e tirem as suas conclusões sobre que lado estamos no processo", acrescenta o professor Abílio Aranha, pró-reitor de Ensino e Extensão da UNIFASE/FMP. A programação conta com mesas-redondas, oficinas temáticas, palestras, mostras de trabalhos e apresentações culturais , abordando questões como inovação tecnológica, sustentabilidade e políticas públicas em saúde. "Num mundo onde o acesso à informação é ilimitado, seja ela verídica ou não, e que as respostas estão todas aí, é cada vez mais importante a gente conhecer quais são as perguntas relevantes, que podem mudar a qualidade de vida da população e melhorar o ambiente em que vivemos. Não é possível reconhecer as perguntas sem uma escuta atenta, sem uma interlocução, sem uma troca, e essa Semana é o espaço para isso", completa o professor Ricardo Tesch, pró-reitor de Pesquisa e Inovação da UNIFASE/FMP. A professora Thaise Gasser, coordenadora do curso de Nutrição e da Comissão de Residência Multiprofissional e em Área Profissional da Saúde da UNIFASE/FMP , foi a mediadora da mesa de abertura, que contou com a participação de Luana Pinho, professora associada da Faculdade de Oceanografia da UERJ, e Vitória Custódio, geógrafa e gerente de Prevenção e Preparação da Secretaria Municipal de Proteção e Defesa Civil de Petrópolis. A professora Luana falou sobre como o aumento da temperatura dos oceanos impacta a região serrana. "Se associarmos as mudanças globais, como o aumento de C02 e o aumento da temperatura dos oceanos, consequentemente teremos o aumento da evaporação, das nuvens que vão se condensando, e o aumento das chuvas. É a partir daí que começamos a visualizar e a entender mais diretamente como as mudanças climáticas e as alterações nos oceanos podem também impactar quem mora na serra", explica. Já Vitória mostrou o mapa de risco geológico de Petrópolis e a topografia da bacia do Rio Quitandinha, que é a que mais sofre com risco hidrológico. "Para além de todas as condições naturais que já tínhamos para essa inundação ser tão severa, ainda temos a ocupação urbana e todas as questões antrópicas que influenciam ainda mais esse processo, como a impermeabilização do solo, a quantidade de construções, o esgotamento sanitário sendo despejado, enfim, tudo isso piora ainda mais o nosso cenário de risco", analisa. De acordo com a geógrafa, os riscos e desastres estão associados à população e sua exposição às ameaças presentes, podendo ser desencadeados por ameaças naturais ou antrópicas (atividades humanas), sendo sempre classificados como socioambientais por seus impactos. Além das ações comunitárias promovidas pela Secretaria Municipal de Proteção e Defesa Civil, Vitória mencionou ainda o projeto "Comunidade que cuida da vida", em parceria com a UNIFASE/FMP, na qual os estudantes juntos à equipe da Unidade de Saúde da Família da Estrada da Saudade, coletam informações fundamentais sobre vulnerabilidades da população para uma resposta mais eficiente em situações de desastres. A programação, que segue até quinta-feira (30), está disponível no site da instituição: https://www.even3.com.br/xxxi-semana-cientifica-unifasefmp-596978/ Câmara entrega título de utilidade pública municipal à UNIFASE/FMP Durante a abertura do evento, o vereador Dr. Aloisio Barbosa Filho entregou o Título de Utilidade Pública à Fundação Octacílio Gualberto, mantenedora da UNIFASE/FMP e da Escola Técnica Irmã Dulce Bastos. "É uma honra estar aqui como representante do Legislativo e poder homenagear a instituição que me formou. Todo gestor público deve honrar essa instituição, porque a saúde pública que temos hoje em Petrópolis deve muito à UNIFASE/FMP, através dessa parceria com o município", disse o vereador. "Não havia um melhor momento para fazer essa entrega do que na abertura da Semana Científica. Fico lisonjeada de receber esse reconhecimento público, mas mais do que a formalidade que tem implicações jurídicas legais, poder ouvir uma palavra daquele que tem uma tradição de vivenciar a FMP", destacou a reitora Maria Isabel de Sá Earp de Resende Chaves. 
28 de outubro de 2025
Evento reúne especialistas para debater avanços e desafios na saúde da mulher
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Com projeto sobre sustentabilidade UNIFASE/FMP conquista segundo lugar