Cuidados paliativos: dignidade do início e para além do fim

6 de outubro de 2022
Cuidados paliativos: dignidade do início e para além do fim

Luciana Ramalho
Médica, especialista em cuidados paliativos e bioética, professora de semiologia da UNIFASE/FMP.

Como começar a escrever sobre essa medicina linda, poderosa e tão incompreendida? Não saberia e nem me atreveria imaginar em esgotar o tema que hoje me define como pessoa, mulher, amiga, mãe, filha, médica e professora.

Sentei-me para escrever este artigo pensando nas palavras e seus significados, no peso e na importância que carregam. Palavras, dentre muitas outras, como dignidade e ética, vida e morte, qualidade e autonomia, decisões e processo, que povoam meu dia a dia e me obrigam a refletir diante das múltiplas dimensões dos seres humanos.

Os Cuidados Paliativos são justamente esta abordagem ampla, que enxerga o indivíduo em todas as suas dimensões: física, psicossocial e espiritual. Trata de amenizar sofrimentos em todas e cada uma destas esferas, controlando impecavelmente quaisquer sintomas que possam aparecer no curso dos tratamentos de doenças que limitem a vida em tempo ou qualidade. Aqui, temos a primeira incompreensão: Cuidados Paliativos não são apenas para pacientes que estão à beira da morte, “quando não há mais nada que se possa fazer”; nunca foram substitutos dos tratamentos curativos. São, antes, este atendimento prestado por uma equipe multidisciplinar que possa observar e validar a pessoa doente e sua família em todos os seus valores e demandas, durante todo o processo de adoecimento, que pode ter tratamento curativo ou não. Para os Cuidados Paliativos sempre há o que se fazer, pois aquela pessoa segue viva, e esta vida tem que ser valorizada em sua máxima intensidade, até quando a morte chegar.

Para proporcionar um tratamento à altura da dignidade humana, aliviando sofrimentos e restabelecendo a vida mais plena que se puder alcançar, a abordagem exige a criação de um grande vínculo entre pacientes, família e equipe de Cuidados Paliativos. E, quando a morte ocorrer, o atendimento se mantém para as famílias e equipes diante do luto.

Com efeito, e essa é a segunda incompreensão, o termo Paliativo não tem o sentido de nada melhor a fazer: não é jeitinho ou, pior ainda, gambiarra. O termo provém de Pallium, o manto que abrigava o viajante protegendo-o do frio, chuva, calor ou agressões do caminho. Talvez esta seja a maior contribuição do Paliativista: estar ao lado destes viajantes no caminho da vida, protegendo e guardando-os do sofrimento desnecessário no enfrentamento de doenças que podem levá-los a morte. Estando junto nas tomadas de decisões, na busca da dignidade de vida e durante o processo da morte, é ele que poderá viabilizar a comunicação tão difícil entre o paciente e seus familiares, e também com as equipes de especialistas. E, através desta comunicação efetiva, serão mais bem compreendidos os valores e as demandas dos pacientes e suas famílias, valorizando sua autonomia, princípio fundamental da ética em saúde, e evitando- se o prolongamento de vida sem sentido e qualidade com tratamentos fúteis e desnecessários.

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Pela primeira vez em Petrópolis, a UNIFASE/FMP foi palco do CBC Itinerante, programa de educação continuada promovido pelo Colégio Brasileiro de Cirurgiões (CBC), no qual profissionais da saúde puderam atualizar seus conhecimentos em cirurgias de casos clínicos complexos e controversos envolvendo Abdome Agudo, Vias Biliares e Oncologia Gastrointestinal. Com o objetivo de aproximar a capital das cidades do interior do Rio de Janeiro, Petrópolis foi o sexto município a receber o CBC Itinerante. "Petrópolis foi escolhida por ter a UNIFASE/FMP, que é formadora de excelentes profissionais da área de saúde, e também por sabermos que aqui existem médicos de assistência de diversas especialidades cirúrgicas para uma troca enriquecedora de experiências", comenta o cirurgião Guilherme Ravanini, Membro Titular e Diretor do Núcleo Central do Colégio Brasileiro de Cirurgiões. Na ocasião, médicos especialistas em suas áreas de atuação ministraram palestras abordando as últimas atualizações na área de cirurgia em diferentes casos, integrando não só cirurgiões, como também acadêmicos e residentes de Medicina. "Os acadêmicos e residentes puderam vivenciar essa experiência trazida por cirurgiões mais experientes de todo o estado e da cidade, que promoveram essa parte educacional em assuntos super interessantes, como abdome agudo, hérnias da parede abdominal, um pouco de oncologia, principalmente os tumores de cólon e os tumores gástricos", explica o médico cirurgião Thiago Kloh, professor da disciplina de Clínica Cirúrgica da UNIFASE/FMP. Durante o dia todo, os participantes puderam ampliar seus conhecimentos sobre técnicas modernas em casos de diverticulite aguda complicada, obstrução intestinal no pós-operatório imediato, apendicite, câncer de vesícula, câncer gástrico e câncer colorretal. "Entre as minhas opções de residência, estou optando pela clínica cirúrgica, então decidi participar do CBC para poder me informar melhor sobre o campo da cirurgia geral, que eu pretendo atuar no futuro. Esses eventos nos ajudam porque reforçam o que aprendemos na faculdade e oferecem mais informações relacionadas à carreira", disse Heitor Lopes Carvalho, aluno do 10º período de Medicina da UNIFASE/FMP que participou do CBC Itinerante.  Também participaram do evento, os médicos Marcos Filgueiras, Diogo Salles, Marco Antônio Banal Xavier, Rafael Massao da Silva Nagato, Fabio Leonetti, Augusto Cesar de Mesquita, Lécio Carneiro Junior, Fernando B. Ponce Leon Pereira de Castro, Alexandre Ferreira Oliveira, Biazi Ricieri Assis, Marcelo Sá de Araújo, Leonardo Rocha Ferraz, Guilherme Guédon de Oliveira, Julio Cesar Tabares Morales e Julio Vieira de Melo.