Pesquisadores desenvolvem nova técnica para o tratamento de osteoartrite temporomandibular

3 de dezembro de 2021
Pesquisadores desenvolvem nova técnica para o tratamento de osteoartrite temporomandibular

O funcionamento do corpo humano ainda é envolto em mistérios, que aos poucos vão sendo desvendados pela ciência, responsável por estudar e entender como cada órgão, veia, osso e articulação se comporta e se complementa para o pleno funcionamento do organismo. Em Petrópolis, o Centro Universitário Arthur Sá Earp Neto/Faculdade de Medicina de Petrópolis possui um grupo de pesquisadores que se debruça em analisar diversos segmentos, em busca de melhorar a qualidade de vida das pessoas, através de propostas para novos tratamentos que proporcionem ainda mais eficácia no combate às doenças crônicas, especialmente as degenerativas, como a osteoartrite.

Responsável pela movimentação da mandíbula, a articulação temporomandibular (ATM) permite que sejam realizados todos os complexos movimentos mastigatórios. Sujeita à diversas patologias, por condições multifatoriais, essa articulação pode ser acometida pela osteoartrite, que se apresenta como a forma mais comum de doença degenerativa na região facial.

“O quadro clínico pode ser muito semelhante ao de outras disfunções temporomandibulares, o que torna o diagnóstico dos processos degenerativos ainda um desafio para a odontologia. Inúmeros fatores que podem contribuir para o surgimento do problema, como doenças autoimunes e reumatológicas, traumas diretos ou indiretos na mandíbula, e determinados comportamentos orais, como o de manter os dentes em contato ou apertados, durante o sono ou vigília. Dores espontâneas ou estimuladas na região `a frente da orelha, ruídos articulares durante a abertura e/ou fechamento da boca são alguns indícios da existência de alguma alteração interna da ATM”, explica Dr. Ricardo Tesch, coordenador do Curso de Pós-graduação em DTM e Dor Orofacial  e coordenador do Laboratório de Medicina Regenerativa da UNIFASE/FMP.

Há alguns anos, acreditava-se que a osteoartrite era um processo natural de envelhecimento. No entanto, os constantes estudos sobre a doença revelaram que apesar de acometer principalmente pessoas de idade mais avançada, ela pode ocorrer em qualquer etapa da vida. Especificamente no que se refere `a ATM, a maior prevalência está em mulheres jovens, em idade reprodutiva, provavelmente devido a influências hormonais relacionadas ao ciclo menstrual.

“Sem o tratamento adequado, a doença pode determinar a diminuição da funcionalidade da articulação. Atualmente, dispomos de uma variedade de tratamentos, que vão desde o uso de fármacos orais para o controle da dor e inflamação, `as injeções intra-articular. Há também a possibilidade, pouco frequente, do tratamento cirúrgico, de acordo com o grau da osteoartrite”, comenta Dr. Ricardo Tesch.

Focados em garantir mais qualidade de vida aos pacientes acometidos pela doença, Dr. Ricardo Tesch e a Dra. Reem Hamdy Hossameldin estão desenvolvendo uma nova técnica para tratamento. A “Artroscopia minimamente invasiva do compartimento inferior da ATM guiada por imagens de ultrassom” é uma proposta para que os profissionais consigam usar uma ótica artroscópica muito fina, do tamanho da agulha utilizada atualmente para fazer uma injeção dentro da articulação, para aplicar essa mesma injeção, mas de maneira guiada com visualização direta.

“Para o sucesso das terapias que nós desenvolvemos na Medicina Regenerativa, seja com agregados plaquetários ou terapias celulares, é fundamental que elas sejam depositadas com precisão no local. A injeção cega ou mesmo a injeção guiada por ultrassom, que é como a gente faz hoje, ainda perdem um pouco para a possibilidade de fazermos a deposição direta com visualização precisa, através dessa ótica que não é mais invasiva do que a própria agulha, porque é do mesmo diâmetro. No entanto, como o acesso é muito difícil, também estamos fazendo uma técnica híbrida, onde usamos a guiagem pelo ultrassom para termos a segurança de colocar a ótica dentro da articulação com menor risco de danos a outros tecidos e com maior precisão. Com a visualização direta, a gente faz a injeção. Estamos trabalhando na publicação de uma nota técnica para mostrar aos profissionais essa possibilidade, que vai beneficiar muito os pacientes e também as pesquisas que são realizadas na UNIFASE/FMP, pois é mais uma ferramenta com a proposta de aprimorar a aplicação das terapias que desenvolvemos, ou seja, mais sucesso nos nossos resultados”, destaca o pesquisador, professor da UNIFASE/FMP, atualmente investigador principal do primeiro ensaio clínico em humanos envolvendo o transplante autólogo de condrócitos derivados do septo nasal para a regeneração da ATM.

Os estudos, que inicialmente foram realizados pelos professores em Michigan, para analisar se a técnica serviria à proposta inicial, sendo capaz de entrar no compartimento tão pequeno e se permitiria boa visualização, deram certo e os pesquisadores redigiram um protocolo para que pudessem seguir passo a passo e iniciar os testes em cadáveres. A etapa prática foi realizada em novembro deste ano, em Juiz de Fora, em um curso que ocorreu no Instituto CRISPI, em parceria com a UNIFASE/FMP.

“Realizamos o curso já na parte prática, em cadáveres frescos que foram descongelados, importados dos Estados Unidos com toda a segurança. Aproveitamos o período que antecedeu o curso para trabalharmos nesses cadáveres, simulando as condições mais reais possíveis e aplicando toda a técnica, que foi muito bem-sucedida. Nós fotografamos e filmamos todo o procedimento. Inclusive, depois das injeções, abrimos as articulações para termos certeza de que realmente tínhamos conseguido fazer a injeção no local preciso. Agora, estamos redigindo o artigo científico para ser publicado ou submetido à publicação em uma importante revista da área de cirurgia e traumatologia bucomaxilofacial. Os próximos passos serão submeter um estudo clínico para validar em humanos essa técnica, uma vez que ela já se mostrou viável e segura nos testes realísticos que foram realizados em cadáveres”, revela o pesquisador.

Com tantas novidades e muito conhecimento a ser disseminado, o professor Ricardo Tesch formulou o Curso de Extensão “ Diagnóstico e controle de osteoartrites temporomandibulares ”, 100% EAD, que  ocorrerá de 17 de dezembro a 04 de março de 2022. A proposta é capacitar os cirurgiões-dentistas para o correto diagnóstico, estadiamento e determinação dos diferentes fenótipos da osteoartrite da ATM, além da seleção das terapias e dos métodos de injeção intra-articular mais adequados para cada paciente, demostrando a execução das técnicas de artrocentese e injeção intra-articular, às cegas ou guiadas por imagens de ultrassom em tempo real, tanto no compartimento superior quanto no inferior da ATM.

“Na verdade, o curso vai abordar as técnicas já existentes de controle da osteoartrite temporomandibular, desde o diagnóstico clínico e por imagens, até a seleção de tratamentos conservadores, minimamente invasivos e invasivos já baseados em evidências, técnicas de guiagem por ultrassom, além de propostas de inovação com foco em medicina regenerativa. É um curso completo, desde a base até a inovação”, finaliza Tesch.

Outras informações sobre o curso e as inscrições, que devem ser realizadas até o dia 25 de fevereiro de 2022, estão disponíveis no site: www.unifase-rj.edu.br.

29 de outubro de 2025
Até quinta-feira (30) acontece a 31ª Semana Científica da UNIFASE/FMP, que neste ano tem como tema "Entre a serra e o mar - interfaces entre saúde, ecossistemas e tecnologias", promovendo uma troca de ideias entre os conhecimentos acadêmicos e a sociedade. "Toda escola é uma casa de aprendizado, mas é um aprendizado que não pode jamais ser desconectado da realidade da sociedade. Saúde é um conceito muito amplo, que fala do bem-estar global das pessoas, mas está diretamente ligada ao meio ambiente, onde nós vivemos e nos desenvolvemos. O nosso aprendizado, nosso fazer e nossa tecnologia não podem jamais estar descolados desse bem-estar do cuidado com os outros e da própria existência. A Semana Científica da UNIFASE/FMP tem que ser vista sob essa perspectiva de trazer os nossos saberes para a construção de uma sociedade inclusiva, justa e saudável", comenta Jorge D á u, presidente da Fundação Octacílio Gualberto, mantenedora da UNIFASE/FMP e da Escola Técnica Irmã Dulce Bastos. São mais de 1.100 inscritos, 234 trabalhos aprovados e mais de 70 palestrantes em um dos eventos acadêmicos mais tradicionais da instituição. "É muito importante trazermos para a nossa reflexão esse tema, que é o assunto do momento. Estamos a poucas semanas da COP30, que vai justamente discutir como estamos tratando a vida. Desejo que durante a Semana, os participantes vejam, reflitam e tirem as suas conclusões sobre que lado estamos no processo", acrescenta o professor Abílio Aranha, pró-reitor de Ensino e Extensão da UNIFASE/FMP. A programação conta com mesas-redondas, oficinas temáticas, palestras, mostras de trabalhos e apresentações culturais , abordando questões como inovação tecnológica, sustentabilidade e políticas públicas em saúde. "Num mundo onde o acesso à informação é ilimitado, seja ela verídica ou não, e que as respostas estão todas aí, é cada vez mais importante a gente conhecer quais são as perguntas relevantes, que podem mudar a qualidade de vida da população e melhorar o ambiente em que vivemos. Não é possível reconhecer as perguntas sem uma escuta atenta, sem uma interlocução, sem uma troca, e essa Semana é o espaço para isso", completa o professor Ricardo Tesch, pró-reitor de Pesquisa e Inovação da UNIFASE/FMP. A professora Thaise Gasser, coordenadora do curso de Nutrição e da Comissão de Residência Multiprofissional e em Área Profissional da Saúde da UNIFASE/FMP , foi a mediadora da mesa de abertura, que contou com a participação de Luana Pinho, professora associada da Faculdade de Oceanografia da UERJ, e Vitória Custódio, geógrafa e gerente de Prevenção e Preparação da Secretaria Municipal de Proteção e Defesa Civil de Petrópolis. A professora Luana falou sobre como o aumento da temperatura dos oceanos impacta a região serrana. "Se associarmos as mudanças globais, como o aumento de C02 e o aumento da temperatura dos oceanos, consequentemente teremos o aumento da evaporação, das nuvens que vão se condensando, e o aumento das chuvas. É a partir daí que começamos a visualizar e a entender mais diretamente como as mudanças climáticas e as alterações nos oceanos podem também impactar quem mora na serra", explica. Já Vitória mostrou o mapa de risco geológico de Petrópolis e a topografia da bacia do Rio Quitandinha, que é a que mais sofre com risco hidrológico. "Para além de todas as condições naturais que já tínhamos para essa inundação ser tão severa, ainda temos a ocupação urbana e todas as questões antrópicas que influenciam ainda mais esse processo, como a impermeabilização do solo, a quantidade de construções, o esgotamento sanitário sendo despejado, enfim, tudo isso piora ainda mais o nosso cenário de risco", analisa. De acordo com a geógrafa, os riscos e desastres estão associados à população e sua exposição às ameaças presentes, podendo ser desencadeados por ameaças naturais ou antrópicas (atividades humanas), sendo sempre classificados como socioambientais por seus impactos. Além das ações comunitárias promovidas pela Secretaria Municipal de Proteção e Defesa Civil, Vitória mencionou ainda o projeto "Comunidade que cuida da vida", em parceria com a UNIFASE/FMP, na qual os estudantes juntos à equipe da Unidade de Saúde da Família da Estrada da Saudade, coletam informações fundamentais sobre vulnerabilidades da população para uma resposta mais eficiente em situações de desastres. A programação, que segue até quinta-feira (30), está disponível no site da instituição: https://www.even3.com.br/xxxi-semana-cientifica-unifasefmp-596978/ Câmara entrega título de utilidade pública municipal à UNIFASE/FMP Durante a abertura do evento, o vereador Dr. Aloisio Barbosa Filho entregou o Título de Utilidade Pública à Fundação Octacílio Gualberto, mantenedora da UNIFASE/FMP e da Escola Técnica Irmã Dulce Bastos. "É uma honra estar aqui como representante do Legislativo e poder homenagear a instituição que me formou. Todo gestor público deve honrar essa instituição, porque a saúde pública que temos hoje em Petrópolis deve muito à UNIFASE/FMP, através dessa parceria com o município", disse o vereador. "Não havia um melhor momento para fazer essa entrega do que na abertura da Semana Científica. Fico lisonjeada de receber esse reconhecimento público, mas mais do que a formalidade que tem implicações jurídicas legais, poder ouvir uma palavra daquele que tem uma tradição de vivenciar a FMP", destacou a reitora Maria Isabel de Sá Earp de Resende Chaves. 
28 de outubro de 2025
Evento reúne especialistas para debater avanços e desafios na saúde da mulher
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Com projeto sobre sustentabilidade UNIFASE/FMP conquista segundo lugar