VIRADA CLIMÁTICA – 1 ano após a tragédia das chuvas em Petrópolis

7 de março de 2023
VIRADA CLIMÁTICA – 1 ano após a tragédia das chuvas em Petrópolis

Paulo K de Sá

Coordenador do Curso de Medicina da UNIFASE/FMP.


A modificação do clima é fato notório, não precisamos de cálculos complexos para testemunhar que o clima não se apresenta da mesma forma que em outros tempos. Ou seja, não é novidade as enchentes, deslizamentos e escorregamentos de encostas, sempre ocorreram, mas nos últimos anos algo mudou.


Algo mudou nos últimos 40 anos. As estiagens estão prolongadas, causando falta de água em vários locais da cidade, assim como no período de chuvas de verão, a precipitação passou a ser torrencial e localizada.


O verão de 2022 foi marcado por intensas chuvas em várias regiões do país, com várias tragédias, e em 15 de fevereiro e 20 de março, quase um mês entre uma e outra, em Petrópolis, vivemos mais tragédias com forte repercussão nacional. Já tivemos episódios como esse em outros anos marcantes também, 1988 e 2011, episódios que marcaram a cidade, fora os eventos de menor monta, porém constantes e trágicos para alguns, quase todo ano.


Vimos entrar e sair ano e os petropolitanos se perguntam, será que esse ano vai ter temporal novamente? Sim, com certeza terá, quais as consequências futuras? Já sabemos, catálogo de sofrimento com perdas de vida e perdas materiais graves. Negócios são destruídos, fechados, uma parcela da população fica desempregada em uma cidade com desafios econômicos de empregabilidade importantes.


As chuvas continuarão com certeza e cada vez mais intensas, com enchentes e deslizamentos. A estrutura urbana da cidade está errada, construímos nossas vidas encostados nos rios ou ocupando os morros, ricos e pobres. Nenhum dos dois locais poderiam estar habitados. Não podemos controlar o tempo e nem remover a cidade inteira. O que fazer?


A UNIFASE, no seu compromisso com a cidade e disposta a enfrentar essa situação, veio a público promover uma reflexão ampla sobre o aniversário das tragédias de 15 de fevereiro e 20 de março de 2022, através de um evento chamado “Jornada da Virada Climática”.


Entre 15 de fevereiro e 20 de março de 2023, estamos com a missão de promover essa grande jornada, com palestras, oficinas, mesas redondas, eventos artísticos, teatro, dança, exposições e outras propostas, com o intuito de convidar o povo petropolitano a refletir sobre essa questão e buscar saídas para amenizar o problema. Não é um evento restrito a alunos e professores, pelo contrário, a comunidade acadêmica se integra à população petropolitana na busca e construção de ações cooperativas para o enfrentamento desse problema complexo.


O que se tornou aterrorizante é que o clima está muito mais alterado por conta, em grande parte, da lógica insustentável de desenvolvimento adotada pelo ser humano, baseada em um modelo extrativista da natureza, extrativista dos corações humanos e de suas escolhas e saberes ancestrais, extrativista que suga o direito à vida para todos os seres, promotor de conflitos de classes nas populações, de intolerâncias raciais, étnicas, de gênero e orientação sexual, de intolerância religiosa e cultural, tudo em prol do capital, com a ingenuidade ou perversidade ideológica, de que o capital, por si, fará com que a desigualdade social seja corrigida.


Podemos escolher continuar à deriva, baixando os olhos para o sofrimento e se submetendo a uma ordem de desunião e destruição, ou arregaçar as mangas e vir para o debate em busca de soluções reais para o enfrentamento do problema.


29 de outubro de 2025
Até quinta-feira (30) acontece a 31ª Semana Científica da UNIFASE/FMP, que neste ano tem como tema "Entre a serra e o mar - interfaces entre saúde, ecossistemas e tecnologias", promovendo uma troca de ideias entre os conhecimentos acadêmicos e a sociedade. "Toda escola é uma casa de aprendizado, mas é um aprendizado que não pode jamais ser desconectado da realidade da sociedade. Saúde é um conceito muito amplo, que fala do bem-estar global das pessoas, mas está diretamente ligada ao meio ambiente, onde nós vivemos e nos desenvolvemos. O nosso aprendizado, nosso fazer e nossa tecnologia não podem jamais estar descolados desse bem-estar do cuidado com os outros e da própria existência. A Semana Científica da UNIFASE/FMP tem que ser vista sob essa perspectiva de trazer os nossos saberes para a construção de uma sociedade inclusiva, justa e saudável", comenta Jorge D á u, presidente da Fundação Octacílio Gualberto, mantenedora da UNIFASE/FMP e da Escola Técnica Irmã Dulce Bastos. São mais de 1.100 inscritos, 234 trabalhos aprovados e mais de 70 palestrantes em um dos eventos acadêmicos mais tradicionais da instituição. "É muito importante trazermos para a nossa reflexão esse tema, que é o assunto do momento. Estamos a poucas semanas da COP30, que vai justamente discutir como estamos tratando a vida. Desejo que durante a Semana, os participantes vejam, reflitam e tirem as suas conclusões sobre que lado estamos no processo", acrescenta o professor Abílio Aranha, pró-reitor de Ensino e Extensão da UNIFASE/FMP. A programação conta com mesas-redondas, oficinas temáticas, palestras, mostras de trabalhos e apresentações culturais , abordando questões como inovação tecnológica, sustentabilidade e políticas públicas em saúde. "Num mundo onde o acesso à informação é ilimitado, seja ela verídica ou não, e que as respostas estão todas aí, é cada vez mais importante a gente conhecer quais são as perguntas relevantes, que podem mudar a qualidade de vida da população e melhorar o ambiente em que vivemos. Não é possível reconhecer as perguntas sem uma escuta atenta, sem uma interlocução, sem uma troca, e essa Semana é o espaço para isso", completa o professor Ricardo Tesch, pró-reitor de Pesquisa e Inovação da UNIFASE/FMP. A professora Thaise Gasser, coordenadora do curso de Nutrição e da Comissão de Residência Multiprofissional e em Área Profissional da Saúde da UNIFASE/FMP , foi a mediadora da mesa de abertura, que contou com a participação de Luana Pinho, professora associada da Faculdade de Oceanografia da UERJ, e Vitória Custódio, geógrafa e gerente de Prevenção e Preparação da Secretaria Municipal de Proteção e Defesa Civil de Petrópolis. A professora Luana falou sobre como o aumento da temperatura dos oceanos impacta a região serrana. "Se associarmos as mudanças globais, como o aumento de C02 e o aumento da temperatura dos oceanos, consequentemente teremos o aumento da evaporação, das nuvens que vão se condensando, e o aumento das chuvas. É a partir daí que começamos a visualizar e a entender mais diretamente como as mudanças climáticas e as alterações nos oceanos podem também impactar quem mora na serra", explica. Já Vitória mostrou o mapa de risco geológico de Petrópolis e a topografia da bacia do Rio Quitandinha, que é a que mais sofre com risco hidrológico. "Para além de todas as condições naturais que já tínhamos para essa inundação ser tão severa, ainda temos a ocupação urbana e todas as questões antrópicas que influenciam ainda mais esse processo, como a impermeabilização do solo, a quantidade de construções, o esgotamento sanitário sendo despejado, enfim, tudo isso piora ainda mais o nosso cenário de risco", analisa. De acordo com a geógrafa, os riscos e desastres estão associados à população e sua exposição às ameaças presentes, podendo ser desencadeados por ameaças naturais ou antrópicas (atividades humanas), sendo sempre classificados como socioambientais por seus impactos. Além das ações comunitárias promovidas pela Secretaria Municipal de Proteção e Defesa Civil, Vitória mencionou ainda o projeto "Comunidade que cuida da vida", em parceria com a UNIFASE/FMP, na qual os estudantes juntos à equipe da Unidade de Saúde da Família da Estrada da Saudade, coletam informações fundamentais sobre vulnerabilidades da população para uma resposta mais eficiente em situações de desastres. A programação, que segue até quinta-feira (30), está disponível no site da instituição: https://www.even3.com.br/xxxi-semana-cientifica-unifasefmp-596978/ Câmara entrega título de utilidade pública municipal à UNIFASE/FMP Durante a abertura do evento, o vereador Dr. Aloisio Barbosa Filho entregou o Título de Utilidade Pública à Fundação Octacílio Gualberto, mantenedora da UNIFASE/FMP e da Escola Técnica Irmã Dulce Bastos. "É uma honra estar aqui como representante do Legislativo e poder homenagear a instituição que me formou. Todo gestor público deve honrar essa instituição, porque a saúde pública que temos hoje em Petrópolis deve muito à UNIFASE/FMP, através dessa parceria com o município", disse o vereador. "Não havia um melhor momento para fazer essa entrega do que na abertura da Semana Científica. Fico lisonjeada de receber esse reconhecimento público, mas mais do que a formalidade que tem implicações jurídicas legais, poder ouvir uma palavra daquele que tem uma tradição de vivenciar a FMP", destacou a reitora Maria Isabel de Sá Earp de Resende Chaves. 
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