Observa Infância reúne dados sobre mortes evitáveis de crianças brasileiras

14 de junho de 2022
Observa Infância reúne dados sobre mortes evitáveis de crianças brasileiras

Duas em cada três mortes de bebês de até 1 ano poderiam ser evitadas no Brasil com ações como vacinação, amamentação e acesso à atenção básica de saúde. O país registra, nessa faixa etária, mais de vinte mil óbitos anuais por causas evitáveis, como diarreia e pneumonia, e vê aumentar o risco à saúde das crianças com a queda da cobertura vacinal.

Os dados são do Observatório de Saúde na Infância – Observa Infância, que reúne pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e do Centro Universitário Arthur Sá Earp Neto (UNIFASE), com recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação Bill e Melinda Gates.

A partir do cruzamento de grandes bases de dados próprias e dos sistemas de informação nacionais, o Observa Infância identifica as causas de mortes evitáveis entre crianças menores de 5 anos. “Nosso trabalho é perguntar a essas bases aquilo que a sociedade não pode ignorar: o que mata as nossas crianças? O que podemos fazer para evitar essas mortes?”, explica Patrícia Boccolini, pesquisadora do Observa Infância vinculada ao Núcleo de Informação, Políticas Públicas e Inclusão (NIPPIS), uma cooperação entre a Fiocruz e a UNIFASE.

A pesquisadora investiga os fatores que podem gerar impacto na cobertura vacinal, como o acesso à Atenção Básica à Saúde e aos programas de proteção social, como o Bolsa Família. “A partir de grandes bases de dados nacionais, nós olhamos para cada um dos mais de cinco mil e quinhentos municípios brasileiros. O que percebemos é que existe muita desigualdade em relação à cobertura vacinal. Essa desigualdade está relacionada, principalmente, com o acesso à Atenção Básica, pois aonde ela não chega, a queda da cobertura vacinal é mais acentuada”, informa Boccolini.

O Observatório de Saúde na Infância – Observa Infância é uma iniciativa de divulgação científica para levar ao conhecimento da sociedade dados e informações sobre a saúde de crianças de até 5 anos. O objetivo é ampliar o acesso à informação qualificada e facilitar a compreensão sobre dados obtidos junto aos sistemas de informação nacionais.

“Mais da metade dos bebês mortos por ano poderiam ter sido salvos por um pré-natal adequado e uma boa atenção das gestantes no pós-parto”, complementa Cristiano Boccolini, pesquisador do Observa Infância que atua no Laboratório de Informação em Saúde do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz). O pesquisador destaca que o aleitamento materno tem relação direta com a prevenção de grande parte dos óbitos infantis e que é necessário fortalecer políticas públicas para promover a amamentação na primeira hora de vida e o aleitamento exclusivo nos seis primeiros meses.

“Um desafio nesse sentido é a regulação do marketing de produtos que concorrem com o aleitamento materno, como fórmulas artificiais, chupetas e mamadeiras. Em alguns países, 8 em cada 10 mulheres que viram conteúdo promocional desses produtos tiveram acesso a essas publicidades na internet. Esse tipo de marketing escapa da regulação, porque não trabalha exatamente com anúncios. São influenciadores digitais, grupos de mães e bebês, promoções personalizadas. Por isso, precisamos de novas formas de regulação e monitoramento do marketing de produtos que concorrem com o aleitamento materno, pois o alcance dessas publicações é três vezes maior do que o de posts informativos sobre amamentação”, finaliza Cristiano Boccolini, pesquisador da Fiocruz que participa do Observa Infância e atua no Laboratório de Informação em Saúde do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz), membro do Núcleo de Informação, Políticas Públicas e Inclusão (NIPPIS) da UNIFASE, em parceria com a Fiocruz.

 

 

29 de julho de 2025
Descubra como a fisioterapia na atenção primária à saúde fortalece o SUS e conheça a nova pós-graduação da UNIFASE/FMP com foco em APS.
28 de julho de 2025
Descontos são válidos para nove cursos e funcionários do Hospital Alcides Carneiro também têm condições especiais
25 de julho de 2025
Estudantes extensionistas da UNIFASE/FMP e da Universidade da República (UdelaR), do Uruguai, participaram de uma vivência imersiva no Quilombo Boa Esperança, em Areal/RJ. Entre os dias 14 e 20 de julho, os alunos se dedicaram a ações de escuta, troca de saberes e construção coletiva com os moradores da comunidade quilombola. “Como extensionista uruguaio, vivenciar a relação que a UNIFASE/FMP constrói com a comunidade quilombola nos inspira a aprofundar o diálogo de experiências e saberes em uma perspectiva regional. A UdelaR reconhece a importância da colaboração e da complementaridade para refletirmos sobre o papel da extensão universitária nas sociedades do conhecimento do século XXI”, destaca Kail Márquez García, professor da UdelaR. A atividade fez parte de um projeto de extensão que já acontece há mais de um ano e teve como foco o fortalecimento de vínculos, o reconhecimento das realidades do território e o aprendizado sobre o cuidado em sua dimensão mais ampla — afetiva, social e política. Ao longo da semana, os estudantes foram acolhidos pelas famílias da comunidade, que compartilharam não apenas suas rotinas, mas também seus saberes e histórias. Ao final da vivência, os participantes realizaram uma devolutiva à comunidade, reunindo reflexões e aprendizados construídos de forma coletiva. “Foram dias de troca profunda entre o quilombo e a cidade, onde a beleza da cultura encontrou a dureza da desigualdade. Mostramos nossa resistência, nossas dores e esperanças, e plantamos em cada visitante um olhar mais humano e consciente”, explica Danilo da Silva Barbosa, quilombola. A iniciativa reforça o papel da extensão universitária como espaço de formação integral, valorizando o diálogo com diferentes contextos e promovendo experiências transformadoras dentro e fora da sala de aula. Na UNIFASE/FMP, a extensão é parte viva da formação — criando pontes entre saberes e territórios. "Vivências como essa nos lembram que a universidade não deve apenas formar profissionais, mas cidadãos comprometidos com a realidade social e preparados para escutar e construir junto", comenta a docente de Extensão da UNIFASE/FMP, Gleicielly Braga.