A Medicina do Futuro

2 de setembro de 2020
A Medicina do Futuro

Paulo K. de Sá – Coordenador do Curso de Medicina da UNIFASE

Começo essa reflexão com uma pergunta contrária. A Medicina atual, tem futuro?

Considerando a rápida evolução tecnológica na comunicação e na informação e a aceleração dos processos de assistência médica virtual, o futuro nos aponta uma verdadeira revolução na prática médica. Até bem pouco tempo era descabida a possibilidade de consulta e orientação médica online, mas a pandemia COVID-19 relativizou muitas resistências em relação a esse tema.

Em 2019, o Conselho Federal de Medicina baixou uma resolução que autoriza consultas online e estabelece essa resolução como um marco para auxiliar na construção de linhas de cuidado remoto por meio de plataformas digitais. Nessa resolução o CFM define:

“A telemedicina é “o exercício da medicina mediado por tecnologias para fins de assistência, educação, pesquisa, prevenção de doenças e lesões e promoção de saúde”, podendo ser realizada em tempo real (síncrona), ou off-line (assíncrona). Já a teleconsulta é a consulta médica remota, mediada por tecnologias, com médico e paciente localizados em diferentes espaços geográficos.”

A telemedicina e teleconsulta ainda sofrem uma grande resistência de muitos médicos e da própria sociedade. Alegava-se a imprecisão do encontro virtual na segurança do diagnóstico e na decisão terapêutica. Porém, a pandemia COVID-19 relativizou muito todo esse processo.

A grande proliferação de robôs capazes de realizar procedimentos com precisão muito maior, promoverá, no futuro, uma verdadeira revolução na prática médica. E isso é inevitável. Cada vez mais os equipamentos sofisticados serão mais precisos e assumirão os algoritmos de tomada de decisão com menor risco de erro, uma vez que conseguem cruzar inúmeras variáveis de informação para possibilitar a melhor decisão.

Os pacientes não precisam se deslocar várias vezes para consultas e avaliação de resultados de exames. O médico recebe os exames diretamente em seus consultórios e o prontuário eletrônico permite que vários especialistas tenham acesso ao prontuário do paciente agilizando a respostas médicas. Problemas de saúde são abordados e são tomadas decisões em tempo recorde, por conta desses avanços.

O grande dilema a ser resolvido é que a saúde não se resume a aspectos biológicos do corpo físico. A saúde é integral e envolve elementos imprecisos como os determinantes sociais de saúde, educação, trabalho, meio ambiente, relações sociais, cultura, dentre outros. Esses elementos característicos da sociedade humana são abstratos e sistêmicos, dinâmicos e imprecisos. Como conciliar a visão integral considerando o avanço tecnológico?

A conciliação da alta tecnologia com a compreensão sociológica, psíquica e antropológica do ser humano, são cruciais para uma verdadeira Medicina do Futuro. Nesse momento, talvez estejamos mais preparados para lidar com eventos pandêmicos do ponto de vista da rápida confecção de vacinas em tempo recorde, mas ainda estamos engatinhando em termos de socializarmos os alcances de condições de vida mais adequados para todos, fator primordial para uma boa saúde. Aspectos como solidariedade e cooperação social ainda são vistos como caridade de alguns ou benevolência de outros.

Sem a tecnologia da “compaixão”, de nada servirão as máquinas!

Alinhar todos os saberes e sabedorias é a missão da civilização humana, que corre sério risco de não mais existir se insistirmos no modelo de destruição ambiental suicida e à serviço apenas do lucro, inclusive no desenvolvimento da tecnologia em saúde alinhada às pandemias futuras.

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Estudantes extensionistas da UNIFASE/FMP e da Universidade da República (UdelaR), do Uruguai, participaram de uma vivência imersiva no Quilombo Boa Esperança, em Areal/RJ. Entre os dias 14 e 20 de julho, os alunos se dedicaram a ações de escuta, troca de saberes e construção coletiva com os moradores da comunidade quilombola. “Como extensionista uruguaio, vivenciar a relação que a UNIFASE/FMP constrói com a comunidade quilombola nos inspira a aprofundar o diálogo de experiências e saberes em uma perspectiva regional. A UdelaR reconhece a importância da colaboração e da complementaridade para refletirmos sobre o papel da extensão universitária nas sociedades do conhecimento do século XXI”, destaca Kail Márquez García, professor da UdelaR. A atividade fez parte de um projeto de extensão que já acontece há mais de um ano e teve como foco o fortalecimento de vínculos, o reconhecimento das realidades do território e o aprendizado sobre o cuidado em sua dimensão mais ampla — afetiva, social e política. Ao longo da semana, os estudantes foram acolhidos pelas famílias da comunidade, que compartilharam não apenas suas rotinas, mas também seus saberes e histórias. Ao final da vivência, os participantes realizaram uma devolutiva à comunidade, reunindo reflexões e aprendizados construídos de forma coletiva. “Foram dias de troca profunda entre o quilombo e a cidade, onde a beleza da cultura encontrou a dureza da desigualdade. Mostramos nossa resistência, nossas dores e esperanças, e plantamos em cada visitante um olhar mais humano e consciente”, explica Danilo da Silva Barbosa, quilombola. A iniciativa reforça o papel da extensão universitária como espaço de formação integral, valorizando o diálogo com diferentes contextos e promovendo experiências transformadoras dentro e fora da sala de aula. Na UNIFASE/FMP, a extensão é parte viva da formação — criando pontes entre saberes e territórios. "Vivências como essa nos lembram que a universidade não deve apenas formar profissionais, mas cidadãos comprometidos com a realidade social e preparados para escutar e construir junto", comenta a docente de Extensão da UNIFASE/FMP, Gleicielly Braga.
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