Psicanálise na pandemia

20 de julho de 2020
Psicanálise na pandemia

José Daniel Mendes Barcelos, professor do curso de Psicologia – UNIFASE.

A psicanálise, mesmo antes de sua origem em 1900, fundada por Freud com a publicação do livro “A interpretação dos Sonhos”, revelou-se como uma forma de tratamento diferente de todas as existentes até então. O que a psicanálise trouxe de novidade? A palavra do paciente, sua fala e suas associações livres. Este último, passou a ser o principal método de acesso ao que Freud nomeou, no livro acima citado, como Inconsciente. Essa foi a inovação técnica e clínica que a psicanálise revelou ao mundo, pois trouxe para a cena o sujeito e seu discurso, indicando que o sofrimento mental é singular e que o tratamento só tem possibilidade de acontecer à medida que esse sujeito pode, falando de sua história, acessar as experiências infantis que o marcaram em seu inconsciente.
As histéricas da época de Charcot (Anna O. e companhia) são testemunhas reais desta inovação. Inicialmente, colocadas como objetos de investigação pela ciência do século XIX, passam a ser escutadas por Freud, revelando que seu sofrimento advém de experiências infantis, nomeadas por Freud de Complexo de Édipo.

Capaz de dar voz e escutar o sofrimento de nossa época, idade moderna, Freud publica em 1930 mais um texto revolucionário, denominado “O mal-estar na civilização”. Este texto, ainda considerado atual, traz uma das possibilidades de analisarmos os efeitos da pandemia COVID-19 na cultura, bem como o agravo de problemas de saúde mental na população mundial, segundo as orientações recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS). Conforme este órgão, teremos como efeito do isolamento social, recessão econômica e outros problemas relativos à pandemia, também um agravamento nos quadros de saúde mental, que já eram preocupantes mesmo antes da chegada do novo Coronavírus. Pesquisas recentes, apresentadas pela OMS, indicam que os problemas de saúde mental no mundo já estavam aparecendo como o mal do século XXI.

Neste texto de 1930, Freud introduz as três formas de apresentação do mal-estar nos sujeitos como contenção às exigências de satisfação das pulsões, necessária ao processo civilizatório. O coletivo humano padece de diferentes formas de sofrimento, sendo: a primeira resultante das forças da natureza e da incapacidade humana de controlá-las; a segunda o envelhecimento do corpo e as doenças que apontam para a finitude da vida; e a terceira forma de sofrimento está ligada às relações interpessoais, particularmente, as amorosas.
Frente a esses três tipos de sofrimento, Freud indica que o único mal-estar que a psicanálise poderia acolher e tratar é o das relações humanas. Então, não teríamos o que fazer frente ao mal-estar que o isolamento social e os outros efeitos da pandemia geram em nós? Não ao adoecimento do corpo provocado pela COVID-19, mas podemos e devemos escutar e responder ao sofrimento psíquico derivado deste processo que assola o mundo.

A psicanálise não recua e não recuará frente ao sofrimento psíquico de forma nenhuma. Escutar o que cada sujeito em sua singularidade encontra como forma de lidar com os impasses e as dificuldades da vida, faz parte da posição ética do psicanalista. Como analistas, sabemos que essas experiências coletivas são vividas e elaboradas por cada sujeito a partir de sua história, sendo o aumento de sintomas e de sofrimento um fator diretamente relacionado aos meios pelos quais cada sujeito enfrentou em sua história outros conflitos e experiências traumáticas. Esta é uma das formas da psicanálise responder a esse problema que, provavelmente, será o mais grave enfrentado desde a experiência da Segunda Guerra Mundial.

The post Psicanálise na pandemia appeared first on Unifase.

24 de abril de 2025
Evento gratuito destaca inovação, troca de experiências e solidariedade
23 de abril de 2025
Iniciativa pioneira iniciou no bairro Estrada da Saudade e vai ser ampliado para outros pontos do município
17 de abril de 2025
Uma alimentação adequada pode ser uma forte aliada na luta contra o câncer, tanto na prevenção quanto durante o tratamento. Com o objetivo de ampliar o conhecimento e o debate sobre o tema, a UNIFASE vai realizar no dia 28 de abril, das 8h às 16h, o Seminário de Nutrição “Nutrição e Câncer: Ciência, Prevenção e Cuidado”. O evento tem como propósito promover a atualização científica sobre a relação entre nutrição e câncer, abordando aspectos preventivos e terapêuticos, além de estimular o pensamento crítico dos alunos de Nutrição sobre o impacto da alimentação na oncologia. “O câncer é uma das principais causas de morte no Brasil e no mundo. Diante do constante aumento do número de casos e da relação entre hábitos alimentares, estado nutricional e a redução ou o aumento do risco de doenças, é imprescindível nos debruçarmos cada vez mais sobre o tema. A Nutrição tem um papel central nesse processo de enfrentamento, com a possibilidade de melhorias na resposta aos medicamentos, redução dos efeitos colaterais e promoção da qualidade de vida. Destaca-se ainda que uma das principais atribuições do nutricionista é orientar, apoiar e promover hábitos alimentares saudáveis, que certamente podem fazer toda a diferença na vida de seus pacientes”, explica Thaise Gasser, coordenadora do curso de Nutrição da UNIFASE. O seminário será uma oportunidade enriquecedora para aprofundar conhecimentos e reforçar o papel essencial da nutrição na saúde pública e na vida dos pacientes oncológicos. A professora Thaise Gasser, destaca a relevância da temática e o papel central dos nutricionistas nesse contexto. “Falar sobre nutrição e câncer também é falar sobre a formação dos futuros nutricionistas. Essa é uma área que exige muito mais do que conhecimento técnico: exige sensibilidade, escuta e atualização constante. O câncer não é uma condição única — ele se apresenta de formas diferentes e exige condutas adequadas à realidade da pessoa. Por isso, é essencial que a graduação prepare o nutricionista para lidar com essa complexidade, oferecendo ferramentas para atuar com competência técnica e compaixão. É importante que a pessoa encontre no nutricionista não só alguém que orienta, mas que acolhe, apoia e contribui ativamente para a sua qualidade de vida”, disse ela.  O seminário é voltado para estudantes e profissionais de Nutrição, bem como demais interessados no tema, e contará com palestras que abordam diferentes vertentes do cuidado nutricional em pacientes oncológicos. A programação completa e as inscrições estão no site: https://www.unifase-rj.edu.br/evento-de-extensao/seminario-nutricao-2025