Da Transitoriedade de uma Flor à Transitoriedade da Vida Humana

31 de março de 2020
Da Transitoriedade de uma Flor à Transitoriedade da Vida Humana

Por Virgínia Ferreira

Coord. da Pós-graduação em Psicologia Clínica com ênfase nas perspectivas breves

Por que aceitamos a finitude de uma flor e repudiamos a nossa própria?

Nada é para sempre: alegria, tristeza, felicidade, infelicidade, relacionamentos profissionais, sociais, políticos, epidemias, pandemias, guerras, paixões, enfim, nada. Assim como a existência de cada um de nós, não é para sempre. Sabemos disso, mas não nos agrada pensar nisso, nos negamos a pensar na morte. Mais do que qualquer coisa, situações de guerras, pandemias, tragédias naturais dentre outras, nos colocam de frente para a morte. Isso nos apavora. Apesar de saber que somos mortais, a ideia da morte nos apavora. A pergunta é por que nos apavora se, por exemplo, “ Uma flor que dura apenas uma noite nem por isso nos parece menos bela¹” ? Por que aceitamos a finitude de uma flor e repudiamos a nossa própria? A nossa finitude é tão óbvia que, se mostra na decadência e na falência do nosso corpo. Alguns dirão, mas o bisturi está ai para restituir ao corpo tudo aquilo que a natureza “derrubou”. Mas, por mais que a tecnologia e a ciência tenham evoluído, ainda não criaram uma pílula ou uma técnica que livre o sujeito de seu mais cruel pesadelo: a morte. A finitude é uma ferida narcísica, um fantasma que nos assombra, ora com mais contundência como o momento que a humanidade está vivendo, ora quase que desapercebidamente, mas assombra. Isso porque, a morte, não é um bem, até porque se fosse, diz Safo de Lesbos, os deuses não seriam imortais. Mas, dedicar a existência a brigar contra o fim a que todo ser humano está fadado, é perda de tempo, é desgastante, é uma luta desigual. O sujeito precisa ter consciência de sua finitude, mas essa consciência não pode impedi-lo de viver, de ser feliz, de buscar seus objetivos etc. Quantos de nós têm em suas casas um belo jardim apesar de saber que as flores que ali estão em breve irão murchar e morrer? Porque não deixamos de admirar a beleza delas mesmo sabendo que é uma beleza passageira. Por que não fazemos da mesma maneira com a nossa existência, admiramos e cuidamos muito mesmo cientes de sua transitoriedade? Por que não fazemos dessa quarentena uma oportunidade para nos aproximarmos de nós mesmos e do outro? Talvez a morte seja tão apavorante porque deixo sempre para depois tudo o que posso fazer hoje, porque vivo no universo das intenções. Assim, ao olhar para trás, não vejo nada. Se faço, se vivo no mundo das ações, olho para trás e vejo que os jardins que plantei, replantei, cuidei, sempre floriram, sempre foram um bálsamo para meus olhos e para meu olfato, bem como para os olhos daqueles que podem ver e admirar os belos jardins e se deleitar no suave perfume de suas flores. A pandemia passa, a peste negra passou, as duas grandes guerras passaram e a humanidade permanece viva. Vamos admirar nossa existência e exercitar a solidariedade. Se o vizinho não tem um jardim, convide-o para admirar o seu hoje. Amanhã, as flores já podem ter morrido.

¹ – FREUD, Sigmund. Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud . Rio de Janeiro: Imago, 1974 – Vol. XIV – Sobre a Transitoriedade (1915[1915], p. 346.

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