Covid-19, o Grande Egoísmo do Século XXI: mera repetição do mesmo ou ponto e virada?

23 de março de 2020
Covid-19, o Grande Egoísmo do Século XXI: mera repetição do mesmo ou ponto e virada?

De antemão, gostaria de deixar claro e registrado que com as palavras que irão compor o meu texto, não colocarei em questão a existência do Covid-19 nem o perigo que representa essa pandemia para a humanidade. Fatos não se discutem, se atestam. Irei apenas tentar promover uma reflexão em torno da paranóia que assola o mundo. Assola porque nos ameaça, ameaça a nossa vida, porque cada um de nós pode vir a óbito por causa do Covid-19, não porque estamos preocupados com aqueles que estão contaminados ou tristes por aqueles que tiveram suas vidas interrompidas. Estamos em paranóia porque somos egoístas e porque precisamos de um grande mal para colocarmos nossos sintomas e restos não-civilizados para fora e sobrevivermos a esse grande mal, como os bons, os heróis, os merecedores de continuar vivos. Soma-se a isso, o fato de que o egoísmo e a violência sempre fizeram parte da história da humanidade, sempre fizeram parte da experiência humana e são fundantes da cultura. O egoísmo e a violência se fazem presentes, por exemplo, nos livros sagrados: Caim matou Abel, o sofrimento e a morte de Jesus feito homem e, ainda, se assim podemos chamar a primeira “catástrofe intencional” foi o Dilúvio, castigo que Deus mandou aos homens porque estavam desobedecendo as suas leis. “Darei fim a todos os seres humanos, porque a terra encheu-se de violência por causa deles. Eu os destruirei com a terra[…]” (Gênesis, capítulo 6, versículo13). Esse castigo foi tanto um genocídio como um biocídio, no qual só sobreviveram apenas aqueles que Noé colocou em sua arca.
Ao percorremos a história, tem-se alguns marcos de grandes tragédias, algumas provocadas pelos homens e outras não, como por exemplo:
“Peste Negra” foi uma pandemia que assolou a Europa no período da Baixa Idade Média (1343 – 1353), no século XIV. O número de mortes estimadas é de 75 a 200 milhões de pessoas. Muitos interpretaram a Peste Negra também como um castigo de Deus para todos aqueles que apresentaram comportamentos perversos. Não podemos desconsiderar o fato de que, no século XIV o contingente populacional era muito menor do que é hoje. Assim, será bastante difícil que, a pandemia hoje, se aproxime do que foi a Peste Negra; a “Gripe Espanhola” que foi também uma pandemia em 1918 que matou 50 milhões de pessoas; as duas “Grandes Guerras Mundiais”. A Primeira Guerra Mundial (1914-19 18) e a Segunda Guerra Mundial (1941-1945). Respectivamente, a Primeira matou 20 milhões de pessoas entre civis e militares e a Segunda, 80 milhões, também entre civis e militares; o “Holocausto” foi um genocídio, um assassinato em massa de milhões de Judeus durante a Segunda Grande Guerra(1941-1945). Foram mortos nada menos que 6 milhões de Judeus. Maior genocídio do século XX; o “Acidente Nuclear de Chernobyl”, em 1986 que foi o maior acidente nuclear da história. Matou milhares de pessoas; o surto global de “H1N1, Gripe Suína” em 2009. Foi declarada pandemia de gripe, sendo responsável por 18.360 mortes; o surto de “Zika Vírus” em 2014/2015 que tem como transmissor um minúsculo, mas assassino mosquito, o Aedes Aegypti que é o vetor de nada menos que 4 doenças: dengue, chikungunya, febre amarela e Zika Vírus que perturbou os grupos de risco, sobretudo, as grávidas; e agora em 2019, a pandemia do Covid-19. Até o dia de ontem, 20 de março de 2020, de acordo com o levantamento realizado pela Universidade norte-americana Johns Hopkins, foram registrados 10 mil óbitos. A maior parte das mortes está concentrada na Itália com 3.405 casos que, ultrapassou a China que é considerada por muitos o epicentro do surto da doença, com 3245 mortes. De acordo com o site “noticias.r7.com”, em 07 02 2020, “Em dezembro do ano passado, ele o médico Li Wenliang enviou uma mensagem aos colegas médicos alertando sobre um vírus com sintomas semelhantes ao da Síndrome Respiratória Aguda Grave – outro Coronavírus mortal. Mas, foi orientado pela polícia a parar de fazer comentários falsos e foi investigado por espalhar boatos”. Ainda de acordo com o site “noticias.uol.com.br”, do dia 17 02 2020, o “[…] o presidente chinês, Xi Jinping, escondeu por duas semanas as infecções pelo novo Coronavírus causador da Convid-19”. Não irei entrar aqui no mérito da questão que fala por si próprio. Se o médico Li Wenliang em dezembro de 2019 falou sobre o novo Coronavírus e foi silenciado pelo Governo chinês só falou publicamente sobre isso em 20 de janeiro de 2020. Quais foram os propósitos da grave, inconsequente e criminosa omissão? É possível que não saibamos nunca, mas não se pode negar que, foi à omissão o fator determinante pelo surto na China e talvez até pela pandemia.
Todos esses marcos e outros aqui não citados, representam os grandes males que assolam se não a humanidade, uma boa parte do mundo. Fato é que, os males que assolam a humanidade são todos aqueles que nos ameaçam, aqueles que nos colocam em dúvida se a nossa existência terá um fim num piscar de olhos. Aqueles que nos colocam diante da nossa finitude de forma contundente e abrupta.
Vamos pensar em dados no que diz respeito a fome no mundo e no Brasil. Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas) a fome atinge mais de 820 milhões de pessoas no mundo. No Brasil a fome atinge 5,2 milhões de pessoas e mata lentamente. Segundo os dados do Datasus, entre os anos de 2008 e 2017, o Brasil registrou 63.712 mortes por complicações decorrentes da desnutrição. Esse número representa uma média de 17 óbitos por dia e 6.371 óbitos por ano. Porque essas mortes provocadas pela fome, não nos colocam em pânico, não nos fazem entrar em paranóia como o Covid-19? Por dois motivos principais: 1 – porque a fome mata aos pouco, mata lentamente. Já as outras tragédias matam de forma abrupta; 2 – porque estamos certos de que, não passaremos fome. Quem passa fome e morre por doenças causadas pela desnutrição é o outro. Não sou eu, nem aqueles pelos quais tenho apreço. Qual é o nome disso? Egoísmo, se não me atinge, não tenho preocupação, muito menos entro em paranóia e, ainda, o que faço pelo outro que passa fome? Nada. Isso se chama violência egoísta. Entendemos por violência egoísta uma palavra ou ação impelida contra o outro que tem o objetivo de prejudicá-lo, causar algum dano físico, moral, psicológico ou social. Quando somos cúmplices de um crime, somos tão criminosos quanto aquele que impeliu a ação. Quando não fazemos nada pelo outro que passa fome, somos tão violentos com ele, como o Governo que deveria fazer alguma coisa e nada faz, como na África, por exemplo, continente que tem a maior concentração de pessoas passando fome e em estado de desnutrição grave. É oportuno chamar atenção para o fato de que, justo os países que tem governos ditadores e comunistas/socialistas, a miséria orgânica, intelectual, financeira e moral consomem o povo, mas mantém seus lideres numa vida nababesca e luxuosa: Venezuela, Coréia do Norte, China, Cuba dentre outros. O governo Sul-Africano é parlamentar, mas o presidente é ao mesmo tempo chefe de estado e chefe do governo. Uma ditadura mal disfarçada e que tem todas as características dos países ditadores e comunistas. A única diferença é que lá está à maior população desnutrida e que morre por causa da desnutrição.
Bem, o Covid-19 existe. Precisamos nos manter equilibrados (saudáveis psiquicamente) e seguir as recomendações do Ministério da Saúde. Não devemos nos deixar levar pela mídia que prioriza o número de mortes, o número de contaminados, chegando ao ponto de se lançar no risco de estimar, sem base cientifica, o número de pessoas que estarão contaminadas e que morrerão no dia seguinte, mas nunca quantos casos foram curados. Nunca. O que a mídia pretende? Dar Ibope e o que dá Ibope é violência e sexo. Vide o sucesso do filme “Titanic” e, ainda provocar o caos. Quanto mais caos ela provoca, mais as pessoas ficam desequilibradas e obsessivas por esse tipo de notícia, mais a mídia tem Ibope, mais vai noticiar as desgraças, mais ainda as pessoas ficarão desequilibradas…. e assim a mídia covardemente caminha, com raras exceções e as pessoas vivem uma histeria coletiva. Desta forma, em meio ao caos, provocado pela própria mídia, ela milita de forma descarada a favor de um partido e contra outro, a fim de doutrinar seus espectadores, subvertendo realidades e inventando fatos. Seria cômico se não fosse inexoravelmente trágico e vexatório.
Sras e srs não é o fim dos tempos. Apenas mais uma repetição da história, impulsionada pela mídia parcial, militante e imoral. A história se repete, porque de alguma maneira as pessoas buscam a repetição. Para os críticos de plantão, a história é feita pelo homem e não o contrário.
Vamos respeitar e seguir as Recomendações fornecidas e atualizadas dia a dia pelo Ministério da Saúde. Com tranquilidade e paciência. Há um aplicativo elaborado pelo Ministério que você baixa e tem acesso as informações necessárias para se proteger e proteger os demais que estão a sua volta ou não. Precisamos aprender a fazer o Bem a nós mesmos e ao outro, seja lá quem for esse outro. Precisamos entender que não vivemos sozinhos. Precisamos do outro assim como o outro precisa de cada um de nós. Vamos dar continuidade as nossas vidas de forma responsável e consciente. Em outras palavras, de forma ética, lembrando que, os constituintes do campo ético são dois: o sujeito consciente e os valores morais. Precisamos ter consciência que a existência da humanidade depende das ações morais de cada um dos homens que a compõem, incluindo o respeito à dignidade, a autonomia e a liberdade de cada um.
Sugiro que possamos refletir sobre o que estamos todos passando e que essa triste experiência possa se tornar um “ponto de virada” na história da humanidade, ponto esse que despertará nos homens o sentimento de pertencimento a raça humana e, não mais um mero marco de repetição. Na qualidade de psicanalista entendo que, não conseguiremos nos livrar dos restos não civilizáveis, mas que possamos ou sublimá-los ou mantê-los sob a égide do princípio da realidade. De outra forma, de fato, estaremos próximos não ao final do mundo, mas ao fim da civilização, retornando ao estado de barbárie. Será que é isso que a humanidade busca? Eu, Virgínia Ferreira, não saberia responder. Talvez sim. Domar os restos não civilizáveis não é uma tarefa nem fácil nem prazerosa e, ousaria dizer que, não está ao alcance de todos, infelizmente. Está ao seu alcance? Se estiver, você pretende domá-los? Bonne chance a todos nós. Não é uma questão de sorte. Não estamos num bingo. Estamos na vida e diante do Codiv-19. A escolha é nossa.
Não esqueçam, tudo passa, mas tudo passa se tomarmos as medidas necessárias. O Covid-19 vai passar se seguirmos as recomendações do Ministério da Saúde sem histeria e sem paranóia. A fome vai passar se agirmos a favor dessa população que está em estado de miséria orgânica. Tudo passa se abrirmos mão do egoísmo e da violência que habita em cada um de nós e agirmos pensando nas consequências de nossos atos para cada um de nós mesmos e para o outro. Tudo passa se formos à ação. Tudo passa se eu conseguir, se cada um de vocês conseguir pensar, olhar e agir para além de si mesmo. Pensar, olhar e agir também pelo outro. Aquele que é tão mortal quando cada um de nós é. Simples assim. Tudo passa. Se não passar, não é destino, é responsabilidade daqueles que não fizeram nada para que esse estado passasse. A única coisa que passa independentemente de nossa vontade, é o tempo, é a vida. Não tenho controle sobre o tempo, mas procuro organizar minhas ações dentro dele para que os momentos difíceis passem, sem desespero e sem pânico e os bons momentos sejam curtidos, porque eles também passam. “Tudo passa, tudo sempre passará”. Como passará e o tempo que levará para passar, depende de cada um de nós.

P.S.: Dica para enfrentamento do Covid-19 do filósofo Iraniano e pai da medicina pré-moderna, Avicena que viveu entre os anos de 980 e 1037, disse: “A imaginação é a metade da doença; a tranquilidade é a metade do remédio; e a paciência é o primeiro passo para a cura”. Que tal seguirmos esse sensível sábio que viveu no século X.

24 de maio de 2025
Em 2025 a edição brasileira do festival comemorou 10 anos
Por Roberta Unifase 23 de maio de 2025
A Companhia de Trânsito e Transportes de Petrópolis e a equipe responsável pelo Trauma do Hospital Santa Teresa foram nossos ilustres convidados para um dia especial de conscientização junto com nossos colaboradores técnicos administrativos e alunos do curso Técnico em Enfermagem. A missão era alertar sobre os perigos do trânsito e os cuidados que devem ser tomados, seja na função de motorista ou pedestre. Os encontros, que fizeram parte da Semana de Trânsito da Escola Técnica Irmã Dulce Bastos e das ações do Maio Amarelo da Cipa Barão, trouxeram dados preocupantes: mais de 23 mil pessoas morreram em decorrência de acidentes de trânsito no Brasil em 2023. Em Petrópolis, em 2024, foram registrados 1851 atendimentos no setor responsável pelos traumas, destes 851 foram sinistros envolvendo motos, 428 com carros e 133 atropelamentos. Os sinistros são consequência de atos de negligência, imprudência ou imperícia podendo causar, além das mortes, sobrecarga do sistema de saúde, prejuízos sociais e econômicos, impactos psicológicos e lesões permanente ou incapacitantes. Por isso, ações de conscientização são tão importantes e urgentes. Mesmo que todo mundo saiba, é preciso lembrar: se beber, não dirija; não use celular ao dirigir e use sempre cinto de segurança.
21 de maio de 2025
A parceria entre a UNIFASE/FMP (Centro Universitário Arthur Sá Earp Neto/Faculdade de Medicina de Petrópolis) e a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) acaba de alcançar mais um importante marco: o Núcleo de Evidências vinculado ao Núcleo de Informação, Políticas Públicas e Inclusão Social (NEV NIPPIS) foi oficialmente reconhecido pela Rede EVIPNet Brasil, ligada ao Ministério da Saúde. O reconhecimento foi formalizado no dia 22 de abril, durante a cerimônia nacional promovida pela EVIPNet Brasil, iniciativa da Organização Mundial da Saúde (OMS), que incentiva o uso de dados e pesquisas científicas para informar políticas públicas em saúde. A rede é coordenada no Brasil pelo Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Sectics/MS). A criação do NEv no NIPPIS começou em 2021, liderada pela pesquisadora e professora da UNIFASE/FMP Cristina Rabelais, com apoio de outras investigadoras, como Silvia Pereira, Dolores Abreu, Daniele Novaes, Maria Fernanda Bittencourt e Mariana Gabriel. A mentoria ficou a cargo de Maritsa Bortoli, do Instituto de Saúde de São Paulo. “O nosso objetivo é trazer informações e conhecimentos que favoreçam a tomada de decisão, a participação e o controle social privilegiando grupos populacionais para os quais a informação é precária ou inexistente”, explicou a pesquisadora e coordenadora do NIPPIS, Cristina Rabelais. Desde então, o núcleo tem se destacado por sua atuação no desenvolvimento de estudos científicos com impacto direto na construção de políticas públicas mais justas e eficientes. Entre os trabalhos de maior destaque estão: · “Efetividade da atenção domiciliar para usuários com necessidade de reabilitação intensiva”, uma revisão sistemática financiada pelo CNPq e pelo Ministério da Saúde. · “Pessoa com deficiência, direitos sociais, políticas públicas e indicadores sociais”, pesquisa desenvolvida no âmbito do projeto SISDEF. Com este reconhecimento, o NEv NIPPIS torna-se o primeiro Núcleo de Evidências da Fiocruz no estado do Rio de Janeiro e um dos primeiros do estado, reforçando a liderança da UNIFASE/FMP e da Fiocruz na produção de conhecimento científico aplicado às necessidades da sociedade, procurando divulgar esse conhecimento através de uma linguagem simples, como ressalta a professora Cristina: “Nós buscamos diminuir o abismo que existe entre a academia e a população, fato que ficou muito evidente na época da pandemia, mas que sempre existiu. Então, a ideia é a gente seguir produzindo estudos que gerem evidências que ajudem o planejamento e a implementação de políticas públicas voltadas para grupos socialmente excluídos. Dessa maneira, a gente espera dar informações tanto para quem precisa tomar decisões para desenhar e plantar as políticas, quanto para aqueles que precisam acompanhar a realização dos seus direitos”. O NEv NIPPIS também integra a Coalizão Brasileira pelas Evidências, uma rede nacional com mais de 40 instituições comprometidas com políticas sociais baseadas em ciência, e recentemente passou a fazer parte da Rede Nacional de Evidências em Direitos Humanos (ReneDH), ampliando ainda mais sua atuação em temas de direitos humanos e cidadania.  Este triplo reconhecimento destaca o papel de vanguarda da UNIFASE/FMP e da Fiocruz na promoção de uma cultura de decisões públicas fundamentadas em evidências, contribuindo para uma sociedade mais informada, inclusiva e orientada pelo conhecimento.