Médico ginecologista fala sobre a importância da anamnese e do exame físico no diagnóstico da endometriose
"Muito além da dor: como conduzir a anamnese e exame físico na suspeita de endometriose" foi o tema da palestra que abriu o II Simpósio de Ginecologia e Obstetrícia realizado na UNIFASE/FMP
Muitas mulheres em idade reprodutiva sofrem com dores intensas durante o ciclo menstrual, podendo enfrentar dificuldades para engravidar, e levando anos até receberem o diagnóstico de endometriose.
Reforçando a importância de uma investigação cuidadosa para identificar essa doença que afeta a qualidade de vida de tantas pessoas, o tema "Muito além da dor: como conduzir a anamnese e exame físico na suspeita de endometriose" foi a palestra de abertura do II Simpósio de Ginecologia e Obstetrícia da UNIFASE/FMP, ministrada pelo médico ginecologista Ricardo Lasmar.
De acordo com a Associação Brasileira de Endometriose e Ginecologia Minimamente Invasiva, 1 em cada 10 mulheres sofre com endometriose no Brasil, sendo que 57% das pacientes têm dores crônicas e mais de 30% dos casos levam à infertilidade. "A endometriose acontece em torno de 10% da população feminina e leva a questões importantes como a dor que, por vezes, é incapacitante e pode começar nos primeiros ciclos menstruais. Essa dor pode se prolongar até o momento do diagnóstico, que na literatura médica leva de 7 a 10 anos. Esse atraso não é só no Brasil, mas no mundo todo. A dor em pacientes jovens é subestimada e isso vai postergando, às vezes atrasando o diagnóstico", explica Ricardo Lasmar, que também é professor Associado de Ginecologia da UFF.
Ele alerta que a paciente jovem que tenha dor incapacitante no período menstrual deve procurar um ginecologista. "Este é o primeiro momento para afastar ou diagnosticar a doença. A partir daí, o controle vai ser de acordo com o caso e os objetivos da paciente", comenta.
Segundo o Ministério da Saúde, o Sistema Único de Saúde (SUS) registrou um aumento na assistência relacionada ao diagnóstico da endometriose na Atenção Primária e na Atenção Especializada nos últimos anos, havendo também um crescimento nas internações pela doença entre 2022 e 2024.
O ginecologista falou sobre a importância de ouvir atentamente a paciente e perguntar sobre como é o seu período menstrual, o local da dor ou desconforto, quando ela começa e cessa, o que a acompanha e se ela irradia para outros locais. "É importante perguntar se a dor é cíclica, coincidente com a menstruação, se é causada por contato (dispareunia, que é uma dor recorrente durante o ato sexual), se há dor na evacuação, na micção, saber o aspecto e diâmetro das fezes, se há distensão abdominal. O sangramento com desconforto e a infertilidade também são dados importantes para a anamnese", ressalta o professor.
O exame físico da mama, palpação do abdômen, exame especular, toque bimanual vaginal e retal também são importantes para a análise do ginecologista. "Com o toque retal, por exemplo, é possível averiguar todo o compartimento posterior, paramétrio, retrocervical e uterossacros, ampliando a investigação", destaca.
Ele falou ainda sobre os exames de imagem, que auxiliam o diagnóstico ao mostrar a extensão da doença. "As pessoas estão invertendo as coisas ao pedirem ressonância para fazer o diagnóstico. O radiologista não é ginecologista. É o médico quem tem que fazer a suspeita diagnóstica. Quando você oferece ao radiologista o que ele não tem, que é a anamnese e o exame físico, você potencializa o exame dele", reforça.
O médico Ricardo Lasmar terminou sua palestra dizendo que é o conjunto de condições e o objetivo da paciente que indicam o tratamento, que pode ser medicamentoso ou cirúrgico.
Simpósio reuniu diversos especialistas da área de Ginecologia e Obstetrícia
Reafirmando seu compromisso com a atualização científica de profissionais da área de saúde, durante o II Simpósio de Ginecologia e Obstetrícia realizado na UNIFASE/FMP, alunos de Medicina, residentes e especialistas puderam trocar experiências, discutir casos clínicos e condutas práticas sobre a saúde da mulher.
"A ginecologia e obstetrícia é um campo bastante fértil e traz consigo diversas nuances diferentes no cuidado à mulher. Envolver a comunidade acadêmica neste evento é uma forma de dar sustentação e aprofundamento àquilo que procuramos trazer durante a graduação", comenta o médico Vander Guimarães, professor titular de Ginecologia e Obstetrícia da UNIFASE/FMP, e um dos responsáveis pelo evento, ao lado dos professores Vitor Banal e Analuce Mussel.
"O simpósio é organizado pelas alunas da Liga Acadêmica de Saúde da Mulher, com a ajuda dos professores Vitor e Vander. A Liga reúne alunos que se interessam pela disciplina de Ginecologia e Obstetrícia para fazer encontros, aulas e, às vezes, levar palestras e rodas de conversa às comunidades de Petrópolis. É muito importante para os alunos que começam a ver como é a realidade da profissão e colocam em prática tudo que aprendem na faculdade", acrescenta a professora Analuce Mussel, que é coordenadora da Liga Acadêmica de Saúde da Mulher da UNIFASE/FMP.
O evento contou ainda com mesas-redondas, palestras e exposição de trabalhos científicos, abrangendo temas como medicina fetal, hipertensão na gestação, climatério, terapia hormonal, rastreio de câncer do colo do útero, aconselhamento reprodutivo, entre outros.
Também participaram do simpósio, os médicos Cristos Pritsivelis, Eduardo Sertã, Carlos Vinicius Leite, Ricardo Bruno, Brunno Madruga, Alessandra Evangelista, Sandra Pinto, Carlos Alberto Barbosa Júnior e Romualdo Gama.






