Diagnóstico de autismo em adultos: Uma nova tendência

2 de abril de 2025
Diagnóstico de autismo em adultos: Uma nova tendência

Anteriormente considerado um transtorno raro da infância, hoje o autismo é um diagnóstico frequente e com crescente demanda em todas as faixas etárias, incluindo pessoas que não receberam diagnóstico na infância, mas que percebem características desta condição

Carla Gikovati
Neuropediatra do Ambulatório especializado na avaliação diagnóstica e acompanhamento de pessoas com autismo no Ambulatório Escola da UNIFASE/FMP.


Com a popularização da internet, a informação, inclusive médica, se tornou disponível e de fácil acesso para grande parte das pessoas. Nas redes sociais os relatos pessoais de como é viver com determinado transtorno, como por exemplo, o autismo, abrem a possibilidade de outros se identificarem com a narrativa e procurarem uma avaliação médica, objetivando saber se compartilham do mesmo diagnóstico.


Nos últimos anos, foi observado um aumento da procura por diagnóstico de autismo por pessoas adultas. A motivação para esta procura não é completamente clara na

literatura científica. Há alguns relatos que a procura por diagnóstico de autismo nos adultos teve relação com experiências cotidianas negativas, nas quais as pessoas não compreendiam os motivos para as suas dificuldades, ou com o fato de ter um filho que recebeu o diagnóstico de TEA. Importante notar que pessoas com sintomatologia mais sutil do transtorno do espectro autista, com um bom nível cognitivo e que hoje são adultos ou idosos, apresentam mais chance de não ter recebido o diagnóstico de autismo na infância.


Um estudo com 161 autistas que receberam o diagnóstico de autismo após 18 anos demonstrou que 81% dos homens e 68% das mulheres já haviam sido atendidos em serviços de saúde mental, sendo o tempo médio decorrido entre a primeira avaliação e o diagnóstico de TEA de 11 anos para homens e 12 anos para mulheres. Neste grupo, 66,5% haviam recebido outros diagnósticos psiquiátricos (antes do diagnóstico de autismo), sendo que 25% receberam dois ou três diferentes. Sendo assim, os diagnósticos errados privavam os entrevistados de uma intervenção correta e reforçam o sentimento de serem diferentes e de não se encaixarem no mundo. Mesmo após estudarem e se reconhecerem como autistas, o tempo médio entre o autodiagnóstico e o recebimento formal do diagnóstico por um profissional foi de 3,25 anos. Diante da grande dificuldade e tempo de espera para se receber o diagnóstico de autismo quando adulto, ou até idoso, é fundamental que se conheçam os sentimentos e as repercussões que esta nova realidade trará para o indivíduo. Essa vivência precisa ser legitimada, sendo fundamental o entendimento do tema a partir de relatos dos próprios autistas, sempre levando em conta o seu contexto social e cultural.


Direitos Adquiridos


Em 2012, a partir da Lei Berenice Piana (Lei nº 12.764/2012), o autismo foi formalmente reconhecido como uma deficiência. Esta lei, também conhecida como Lei dos Autistas, institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, garantindo acesso a tratamento e atendimento multidisciplinar, educação inclusiva e direito a vagas em escolas regulares. Sendo o autismo reconhecido como deficiência, os autistas adquirem também direito de acesso ao trabalho (inclusive com vagas reservadas para PCD, pessoas com deficiência) e aos benefícios sociais, como benefício de prestação continuada (BPC).


Portanto, nesse dia mundial de conscientização do autismo é importante ressaltar que o autismo não é um transtorno somente da infância. Por isso a necessidade de buscar profissionais capacitados para dar o diagnóstico e realizar o acompanhamento multidisciplinar, não só para as crianças, mas também para os adultos.


*Os dados desse artigo fazem parte da tese de doutorado do curso de psicologia da PUC-RIO, da neurologista e professora da UNIFASE/FMP, Carla Gikovate. Nessa recente pesquisa qualitativa brasileira, foram realizadas entrevistas com 12 autistas já adultos, onde devido ao diagnóstico, eles relataram alívio como sentimento principal. 


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Pela primeira vez em Petrópolis, a UNIFASE/FMP foi palco do CBC Itinerante, programa de educação continuada promovido pelo Colégio Brasileiro de Cirurgiões (CBC), no qual profissionais da saúde puderam atualizar seus conhecimentos em cirurgias de casos clínicos complexos e controversos envolvendo Abdome Agudo, Vias Biliares e Oncologia Gastrointestinal. Com o objetivo de aproximar a capital das cidades do interior do Rio de Janeiro, Petrópolis foi o sexto município a receber o CBC Itinerante. "Petrópolis foi escolhida por ter a UNIFASE/FMP, que é formadora de excelentes profissionais da área de saúde, e também por sabermos que aqui existem médicos de assistência de diversas especialidades cirúrgicas para uma troca enriquecedora de experiências", comenta o cirurgião Guilherme Ravanini, Membro Titular e Diretor do Núcleo Central do Colégio Brasileiro de Cirurgiões. Na ocasião, médicos especialistas em suas áreas de atuação ministraram palestras abordando as últimas atualizações na área de cirurgia em diferentes casos, integrando não só cirurgiões, como também acadêmicos e residentes de Medicina. "Os acadêmicos e residentes puderam vivenciar essa experiência trazida por cirurgiões mais experientes de todo o estado e da cidade, que promoveram essa parte educacional em assuntos super interessantes, como abdome agudo, hérnias da parede abdominal, um pouco de oncologia, principalmente os tumores de cólon e os tumores gástricos", explica o médico cirurgião Thiago Kloh, professor da disciplina de Clínica Cirúrgica da UNIFASE/FMP. Durante o dia todo, os participantes puderam ampliar seus conhecimentos sobre técnicas modernas em casos de diverticulite aguda complicada, obstrução intestinal no pós-operatório imediato, apendicite, câncer de vesícula, câncer gástrico e câncer colorretal. "Entre as minhas opções de residência, estou optando pela clínica cirúrgica, então decidi participar do CBC para poder me informar melhor sobre o campo da cirurgia geral, que eu pretendo atuar no futuro. Esses eventos nos ajudam porque reforçam o que aprendemos na faculdade e oferecem mais informações relacionadas à carreira", disse Heitor Lopes Carvalho, aluno do 10º período de Medicina da UNIFASE/FMP que participou do CBC Itinerante.  Também participaram do evento, os médicos Marcos Filgueiras, Diogo Salles, Marco Antônio Banal Xavier, Rafael Massao da Silva Nagato, Fabio Leonetti, Augusto Cesar de Mesquita, Lécio Carneiro Junior, Fernando B. Ponce Leon Pereira de Castro, Alexandre Ferreira Oliveira, Biazi Ricieri Assis, Marcelo Sá de Araújo, Leonardo Rocha Ferraz, Guilherme Guédon de Oliveira, Julio Cesar Tabares Morales e Julio Vieira de Melo.