Câncer de Mama: pandemia reduziu procura por atendimentos e cirurgias

15 de outubro de 2020
Câncer de Mama: pandemia reduziu procura por atendimentos e cirurgias

Por Dr. Carlos Vinícius Leite
Médico mastologista, professor da Faculdade de Medicina de Petrópolis (UNIFASE).

Primeiramente, é importante destacar que o câncer de mama é um problema de saúde pública mundial, com mais de dois milhões de indivíduos diagnosticados anualmente, e a segunda doença maligna mais comum no mundo. Dados do Instituto Nacional do Câncer mostram que, com exceção dos tumores de pele não melanoma, o câncer de mama é a neoplasia mais comum em mulheres em todas as regiões do país. No Estado do Rio de Janeiro, estima-se que mais de 9 mil casos ocorrerão em 2020. O Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) revela que, em 2018, em decorrência do câncer de mama, 17.572 óbitos foram registrados no Brasil, 2.367 no Estado do Rio de Janeiro, com 54 óbitos em Petrópolis. Esses dados preocupam.

A campanha de conscientização contra o câncer de mama, conhecida como Outubro Rosa, visa a disseminação de hábitos alimentares saudáveis, atividade física regular e ressalta a importância do exame de detecção precoce, encorajando as mulheres a realizarem seus exames, além de lutar por seus direitos ao tratamento de qualidade. Esse movimento vem conscientizando a população a manter o peso adequado, praticar exercícios físicos e evitar o consumo de bebidas alcóolicas, assim como amamentar, pois, são atitudes que ajudam a reduzir o risco de câncer de mama e ainda proporcionam uma boa qualidade de vida para quem já está em tratamento. Uma segunda estratégia trabalhada na campanha, para diminuir a mortalidade, é a detecção precoce através da mamografia anual, após os 40 anos, como recomenda a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM).

Em 2020, com a chegada dos casos do novo Coronavírus, houve redução na realização de mamografias. Segundo dados da Rede Brasileira de Pesquisa em câncer de mama, as mamografias realizadas no Brasil pelo Sistema Único de Saúde (SUS) de janeiro a junho de 2020, na faixa de 50-69 anos, estiveram 67% abaixo em relação ao mesmo período no ano passado. Em alguns Estados, com a melhora dos números da pandemia, já se observa uma tendência na realização de mamografia próximo aos números do ano anterior.

A Pandemia influenciou na quantidade de consultas realizadas na especialidade, apesar do atendimento ambulatorial e cirúrgico não ter sido suspenso pelo Serviço de Mastologia do Hospital de Ensino Alcides Carneiro (HEAC). Notamos uma queda de 22% nas consultas de janeiro a agosto de 2020 comparado com o mesmo período de 2019. Acusamos 310 faltas nas consultas previamente agendadas nesse período. Consequentemente, observamos uma diminuição no volume de cirurgias de 30%.

Acreditamos que essa diminuição das cirurgias foi em parte devido ao isolamento imposto pela pandemia e também por mudanças nos protocolos para tratamento do Câncer de Mama em situação de Pandemia pelo COVID-19, em que determinadas situações, as pacientes foram encaminhadas para tratamento clínico igualmente eficaz, postergando o tratamento cirúrgico.

Em 2019, 250 pacientes foram operadas no HEAC, sendo que realizamos 32 reconstruções mamárias imediatas. Poucas pacientes, com contraindicação médica, e as que optaram por postergar a reconstrução imediata, após Mastectomia, não foram submetidas à reconstrução. No período de janeiro a agosto de 2020, realizamos 4 reconstruções imediatas, após uma ampla explicação sobre as novas diretrizes para em tempo de pandemia. Saímos de um total de 359 procedimentos cirúrgicos realizados em 2019 para 164 de janeiro a agosto de 2020 (232 procedimentos cirúrgicos em igual período de 2019).

Agora, com a flexibilização do afastamento social e as medidas de segurança para evitar o contágio e a disseminação do COVID-19, as mulheres devem retornar de forma segura às rotinas para detecção precoce do Câncer de Mama. Saliento que as mulheres com nódulo suspeito e persistente devem procurar a Unidade de Saúde do SUS mais próxima de suas residências para que possa ser avaliada por um profissional capacitado.

Nosso desafio como médicos, renovados anualmente pela Campanha Outubro Rosa, é tornar igualitária as oportunidades de prevenção, detecção precoce e tratamento entre as diversas camadas da população. Assim, tentando democratizar o tratamento do câncer de mama, buscando atualizações técnicas constantes e aplicando dentro do SUS. É importante que todos estejamos envolvidos e comprometidos com essa causa.

24 de maio de 2025
Em 2025 a edição brasileira do festival comemorou 10 anos
Por Roberta Unifase 23 de maio de 2025
A Companhia de Trânsito e Transportes de Petrópolis e a equipe responsável pelo Trauma do Hospital Santa Teresa foram nossos ilustres convidados para um dia especial de conscientização junto com nossos colaboradores técnicos administrativos e alunos do curso Técnico em Enfermagem. A missão era alertar sobre os perigos do trânsito e os cuidados que devem ser tomados, seja na função de motorista ou pedestre. Os encontros, que fizeram parte da Semana de Trânsito da Escola Técnica Irmã Dulce Bastos e das ações do Maio Amarelo da Cipa Barão, trouxeram dados preocupantes: mais de 23 mil pessoas morreram em decorrência de acidentes de trânsito no Brasil em 2023. Em Petrópolis, em 2024, foram registrados 1851 atendimentos no setor responsável pelos traumas, destes 851 foram sinistros envolvendo motos, 428 com carros e 133 atropelamentos. Os sinistros são consequência de atos de negligência, imprudência ou imperícia podendo causar, além das mortes, sobrecarga do sistema de saúde, prejuízos sociais e econômicos, impactos psicológicos e lesões permanente ou incapacitantes. Por isso, ações de conscientização são tão importantes e urgentes. Mesmo que todo mundo saiba, é preciso lembrar: se beber, não dirija; não use celular ao dirigir e use sempre cinto de segurança.
21 de maio de 2025
A parceria entre a UNIFASE/FMP (Centro Universitário Arthur Sá Earp Neto/Faculdade de Medicina de Petrópolis) e a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) acaba de alcançar mais um importante marco: o Núcleo de Evidências vinculado ao Núcleo de Informação, Políticas Públicas e Inclusão Social (NEV NIPPIS) foi oficialmente reconhecido pela Rede EVIPNet Brasil, ligada ao Ministério da Saúde. O reconhecimento foi formalizado no dia 22 de abril, durante a cerimônia nacional promovida pela EVIPNet Brasil, iniciativa da Organização Mundial da Saúde (OMS), que incentiva o uso de dados e pesquisas científicas para informar políticas públicas em saúde. A rede é coordenada no Brasil pelo Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Sectics/MS). A criação do NEv no NIPPIS começou em 2021, liderada pela pesquisadora e professora da UNIFASE/FMP Cristina Rabelais, com apoio de outras investigadoras, como Silvia Pereira, Dolores Abreu, Daniele Novaes, Maria Fernanda Bittencourt e Mariana Gabriel. A mentoria ficou a cargo de Maritsa Bortoli, do Instituto de Saúde de São Paulo. “O nosso objetivo é trazer informações e conhecimentos que favoreçam a tomada de decisão, a participação e o controle social privilegiando grupos populacionais para os quais a informação é precária ou inexistente”, explicou a pesquisadora e coordenadora do NIPPIS, Cristina Rabelais. Desde então, o núcleo tem se destacado por sua atuação no desenvolvimento de estudos científicos com impacto direto na construção de políticas públicas mais justas e eficientes. Entre os trabalhos de maior destaque estão: · “Efetividade da atenção domiciliar para usuários com necessidade de reabilitação intensiva”, uma revisão sistemática financiada pelo CNPq e pelo Ministério da Saúde. · “Pessoa com deficiência, direitos sociais, políticas públicas e indicadores sociais”, pesquisa desenvolvida no âmbito do projeto SISDEF. Com este reconhecimento, o NEv NIPPIS torna-se o primeiro Núcleo de Evidências da Fiocruz no estado do Rio de Janeiro e um dos primeiros do estado, reforçando a liderança da UNIFASE/FMP e da Fiocruz na produção de conhecimento científico aplicado às necessidades da sociedade, procurando divulgar esse conhecimento através de uma linguagem simples, como ressalta a professora Cristina: “Nós buscamos diminuir o abismo que existe entre a academia e a população, fato que ficou muito evidente na época da pandemia, mas que sempre existiu. Então, a ideia é a gente seguir produzindo estudos que gerem evidências que ajudem o planejamento e a implementação de políticas públicas voltadas para grupos socialmente excluídos. Dessa maneira, a gente espera dar informações tanto para quem precisa tomar decisões para desenhar e plantar as políticas, quanto para aqueles que precisam acompanhar a realização dos seus direitos”. O NEv NIPPIS também integra a Coalizão Brasileira pelas Evidências, uma rede nacional com mais de 40 instituições comprometidas com políticas sociais baseadas em ciência, e recentemente passou a fazer parte da Rede Nacional de Evidências em Direitos Humanos (ReneDH), ampliando ainda mais sua atuação em temas de direitos humanos e cidadania.  Este triplo reconhecimento destaca o papel de vanguarda da UNIFASE/FMP e da Fiocruz na promoção de uma cultura de decisões públicas fundamentadas em evidências, contribuindo para uma sociedade mais informada, inclusiva e orientada pelo conhecimento.