Pesquisa realizada na FMP sobre lesões raquimedulares é publicada em revista internacional

8 de dezembro de 2020
Pesquisa realizada na FMP sobre lesões raquimedulares é publicada em revista internacional

As fronteiras entre a tecnologia e a ciência estão cada vez mais estreitas. Os avanços nas pesquisas geram conhecimentos que proporcionam encontrar curas para muitas doenças e até mesmo a possibilidade de reversão de casos de pessoas que ficaram paralisadas, devido a algum acidente, como no caso das lesões raquimedulares, ou seja, traumas na coluna vertebral.

Em novembro, os resultados dos estudos realizados pela pesquisadora Karla Menezes e pelo mentor na área de pesquisa da Faculdade de Medicina de Petrópolis, Radovan Borojevic, foram divulgados pela Scientific Reports , uma importante revista internacional da família Nature, que tem grande impacto na ciência.

O estudo sobre o uso de células-tronco no tratamento de paraplegia foi desenvolvido em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ao longo dos últimos oito anos. Toda parte experimental foi realizada no Laboratório da Biologia da Matriz Extracelular, sobre a coordenação da professora Tatiana Lobo-Coelho de Sampaio.

“Esse estudo abordou uma comparação entre o uso da célula-tronco mesenquimal, isolada de tecido adiposo de gordura de pacientes humanos que fizeram lipoaspiração. Isolamos essa célula-tronco humana e testamos em ratos que foram submetidos à uma lesão na medula espinhal. Os ratos perderam a capacidade de mobilidade nas patas traseiras. É uma simulação de uma fratura que pode ocorrer, por exemplo, em um acidente de trânsito, quando a lesão traumática na medula espinhal deixa o paciente paraplégico. Nós testamos essa célula-tronco e comparamos com uma solução cultivada no laboratório”, frisa Radovan Borojevic, mentor na área de pesquisa da Faculdade de Medicina de Petrópolis.

Os resultados positivos obtidos na fase da pesquisa respondem à uma das grandes questões na área médica: é preciso injetar célula-tronco na medula espinhal ou apenas injetar a solução produzida pelas células, que foi cultivada no laboratório, cheia de moléculas bioativas?

“Existem muitos questionamentos na área médica se efetivamente vale a pena injetar a célula-tronco no paciente ou se é melhor injetar os produtos que as células produzem. A princípio, a preocupação era de que a célula poderia provocar algum tipo de rejeição, algum dano no paciente. Então, a ideia seria injetar os produtos que as células produzem quando está cultivada em laboratório. Foi exatamente neste grande questionamento que baseamos nosso estudo, comparando as células-tronco contra os produtos que elas produzem em condição laboratorial”, explica Karla Menezes, pesquisadora contratada e vinculada à equipe do Centro de Medicina Regenerativa e Centro de Tratamento em Dor Crônica da UNIFASE/FMP.

Para sanar a dúvida, os pesquisadores prepararam as células-tronco, colocando dentro de uma garrafinha de cultura para que elas se proliferassem. Assim, elas cresceram e foi possível obter grande quantidade de células-tronco com a esperada solução, que possui inúmeros fatores de crescimento e moléculas bioativas, produzidas pelas células, para injetar nos ratos.

“O que percebemos quando injetamos numa lesão da medula espinhal do rato, tanto a célula-tronco quanto os produtos produzidos pelas células no laboratório in vitro, é que ambos aumentam a quantidade de vaso sanguíneo no tecido nervoso do animal lesionado. Porém, se injetarmos somente os produtos produzidos no meio condicionado da célula, os vasos sanguíneos formados são imaturos, não são funcionais e acabam extravasando o sangue. Por outro lado, quando injetamos a célula-tronco mesenquimal, o organismo do animal responde com o aumento de vaso sanguíneo relacionado com a funcionalidade desses vasos. Então, tivemos até menor quantidade de vasos quando o tratamento foi feito com a célula-tronco, mas esses vasos efetivamente funcionaram. Observamos que o animal que foi submetido à essa lesão retoma a mobilidade das patas traseiras, volta a andar e a mexer o rabinho, apenas após receber a célula-tronco. Quando recebe os produtos produzidos pela célula-tronco, o rato não volta a andar. Respondendo à grande pergunta da área médica, é importante injetarmos célula-tronco. Os produtos produzidos pelas células-tronco mesenquimais não substituem e não têm o mesmo efeito terapêutico que as células quando inseridas na lesão”, conclui a pesquisadora.

A construção do Laboratório de Manipulação de Células Humanas para Fins Terapêuticos, na UNIFASE/FMP, reforça essa e outras linhas de pesquisa.

“Essa pesquisa é importante para conseguirmos desenvolver uma nova abordagem terapêutica de pacientes com lesão de medula espinhal, uma vez que atualmente não existe nenhuma alternativa de tratamento que promova a cura das sequelas decorrentes de um acidente”, destaca Radovan Borojevic.

Há tempos, Karla Menezes, professora da UNIFASE/FMP, graduada em Enfermagem e Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Uberlândia e Mestre e Doutora pela Universidade Federal do Rio de Janeiro na área de Biologia Celular, investiga a possibilidade da célula-tronco ser um passaporte de esperança às pessoas com paralisia. A expectativa é de que os avanços na pesquisa ligada à causa, possam devolver a mobilidade a muitos pacientes.

“Os resultados positivos dessa pesquisa representam uma possibilidade de melhora de qualidade de vida dos pacientes com lesão medular. Já observamos que os tratamentos estudados conseguem promover uma recuperação significativa da locomoção após o tratamento”, finaliza a pesquisadora.

29 de outubro de 2025
Até quinta-feira (30) acontece a 31ª Semana Científica da UNIFASE/FMP, que neste ano tem como tema "Entre a serra e o mar - interfaces entre saúde, ecossistemas e tecnologias", promovendo uma troca de ideias entre os conhecimentos acadêmicos e a sociedade. "Toda escola é uma casa de aprendizado, mas é um aprendizado que não pode jamais ser desconectado da realidade da sociedade. Saúde é um conceito muito amplo, que fala do bem-estar global das pessoas, mas está diretamente ligada ao meio ambiente, onde nós vivemos e nos desenvolvemos. O nosso aprendizado, nosso fazer e nossa tecnologia não podem jamais estar descolados desse bem-estar do cuidado com os outros e da própria existência. A Semana Científica da UNIFASE/FMP tem que ser vista sob essa perspectiva de trazer os nossos saberes para a construção de uma sociedade inclusiva, justa e saudável", comenta Jorge D á u, presidente da Fundação Octacílio Gualberto, mantenedora da UNIFASE/FMP e da Escola Técnica Irmã Dulce Bastos. São mais de 1.100 inscritos, 234 trabalhos aprovados e mais de 70 palestrantes em um dos eventos acadêmicos mais tradicionais da instituição. "É muito importante trazermos para a nossa reflexão esse tema, que é o assunto do momento. Estamos a poucas semanas da COP30, que vai justamente discutir como estamos tratando a vida. Desejo que durante a Semana, os participantes vejam, reflitam e tirem as suas conclusões sobre que lado estamos no processo", acrescenta o professor Abílio Aranha, pró-reitor de Ensino e Extensão da UNIFASE/FMP. A programação conta com mesas-redondas, oficinas temáticas, palestras, mostras de trabalhos e apresentações culturais , abordando questões como inovação tecnológica, sustentabilidade e políticas públicas em saúde. "Num mundo onde o acesso à informação é ilimitado, seja ela verídica ou não, e que as respostas estão todas aí, é cada vez mais importante a gente conhecer quais são as perguntas relevantes, que podem mudar a qualidade de vida da população e melhorar o ambiente em que vivemos. Não é possível reconhecer as perguntas sem uma escuta atenta, sem uma interlocução, sem uma troca, e essa Semana é o espaço para isso", completa o professor Ricardo Tesch, pró-reitor de Pesquisa e Inovação da UNIFASE/FMP. A professora Thaise Gasser, coordenadora do curso de Nutrição e da Comissão de Residência Multiprofissional e em Área Profissional da Saúde da UNIFASE/FMP , foi a mediadora da mesa de abertura, que contou com a participação de Luana Pinho, professora associada da Faculdade de Oceanografia da UERJ, e Vitória Custódio, geógrafa e gerente de Prevenção e Preparação da Secretaria Municipal de Proteção e Defesa Civil de Petrópolis. A professora Luana falou sobre como o aumento da temperatura dos oceanos impacta a região serrana. "Se associarmos as mudanças globais, como o aumento de C02 e o aumento da temperatura dos oceanos, consequentemente teremos o aumento da evaporação, das nuvens que vão se condensando, e o aumento das chuvas. É a partir daí que começamos a visualizar e a entender mais diretamente como as mudanças climáticas e as alterações nos oceanos podem também impactar quem mora na serra", explica. Já Vitória mostrou o mapa de risco geológico de Petrópolis e a topografia da bacia do Rio Quitandinha, que é a que mais sofre com risco hidrológico. "Para além de todas as condições naturais que já tínhamos para essa inundação ser tão severa, ainda temos a ocupação urbana e todas as questões antrópicas que influenciam ainda mais esse processo, como a impermeabilização do solo, a quantidade de construções, o esgotamento sanitário sendo despejado, enfim, tudo isso piora ainda mais o nosso cenário de risco", analisa. De acordo com a geógrafa, os riscos e desastres estão associados à população e sua exposição às ameaças presentes, podendo ser desencadeados por ameaças naturais ou antrópicas (atividades humanas), sendo sempre classificados como socioambientais por seus impactos. Além das ações comunitárias promovidas pela Secretaria Municipal de Proteção e Defesa Civil, Vitória mencionou ainda o projeto "Comunidade que cuida da vida", em parceria com a UNIFASE/FMP, na qual os estudantes juntos à equipe da Unidade de Saúde da Família da Estrada da Saudade, coletam informações fundamentais sobre vulnerabilidades da população para uma resposta mais eficiente em situações de desastres. A programação, que segue até quinta-feira (30), está disponível no site da instituição: https://www.even3.com.br/xxxi-semana-cientifica-unifasefmp-596978/ Câmara entrega título de utilidade pública municipal à UNIFASE/FMP Durante a abertura do evento, o vereador Dr. Aloisio Barbosa Filho entregou o Título de Utilidade Pública à Fundação Octacílio Gualberto, mantenedora da UNIFASE/FMP e da Escola Técnica Irmã Dulce Bastos. "É uma honra estar aqui como representante do Legislativo e poder homenagear a instituição que me formou. Todo gestor público deve honrar essa instituição, porque a saúde pública que temos hoje em Petrópolis deve muito à UNIFASE/FMP, através dessa parceria com o município", disse o vereador. "Não havia um melhor momento para fazer essa entrega do que na abertura da Semana Científica. Fico lisonjeada de receber esse reconhecimento público, mas mais do que a formalidade que tem implicações jurídicas legais, poder ouvir uma palavra daquele que tem uma tradição de vivenciar a FMP", destacou a reitora Maria Isabel de Sá Earp de Resende Chaves. 
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Com projeto sobre sustentabilidade UNIFASE/FMP conquista segundo lugar