A Menina de Santa Catarina – o conto de uma história

28 de junho de 2022
A Menina de Santa Catarina – o conto de uma história

Profa. Dra. Míriam Heidemann – Enfermeira e professora da UNIFASE/FMP.

O comportamento humano pode ser de uma solidariedade inimaginável, de uma insensibilidade cruel, ou de uma apatia absoluta. Neste contexto de diversas percepções pessoais, a sociedade, num somatório ou denominador comum, manifesta-se, quando surge um possível escândalo, como uma quebra de rotina: até então o problema fica escondido, nas rebarbas da história.

A hora da vez acontece no Estado de Santa Catarina, quando uma menina de 11 anos consegue apoio judicial para um aborto, com 22 semanas de gravidez. A gestante é uma criança, segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), e uma pré-adolescente, na visão da Organização Mundial da Saúde.

Pelo ECA, qualquer relação sexual com menores de 14 anos pressupõe uma situação de estupro: estupro de vulnerável.

Este caso se soma a muitos outros, no Brasil. Em 2020, tivemos 17.570 nascidos vivos de mães, meninas entre 10 e 14 anos. Em 2019 foram 19.370 bebês. Em 2010 foram 27.049 (Fonte: DATASUS).

Cada menina destas, aqui em estatística de “mães com filhos nascidos vivos”, teria história para contar, sua história, a mais importante de todas. Quantos casos de estupros de vulneráveis aqui são quantificados pelas estatísticas oficiais de nascidos vivos no país?

Não temos ideia hipotética sobre os abortos realizados por tantas outras meninas brasileiras. Elas não aparecem, nem como número nas estatísticas.  Afinal, não temos estatísticas sobre aborto, porque ele é proibido no Brasil.

Vale lembrar que as relações sexuais nesta idade podem estar relacionadas a abuso físico, psicológico e sexual. Uma adolescente, teoricamente, poderia consentir numa relação sexual, por muitas razões do seu contexto familiar e social, ou ser forçada a isso. A falta de informação e de educação é a grande responsável por esta história.

O sistema educacional brasileiro contempla a sexualidade adolescente em seus projetos pedagógicos?  Qual escola liberta o professor para falar sobre educação sexual? Há professores preparados para esta missão, dentre tantas mais sob sua responsabilidade? Os profissionais de saúde são os que mais se aproximam desta realidade: acolhem, investigam, participam, educam, medicam, acompanham.

A legislação brasileira proíbe o aborto. Entretanto, no caso da Menina de Santa Catarina, ele foi autorizado, uma vez que se enquadrou como estupro (Artigo 128 do Código Penal). A legislação não indica até qual o período gestacional este aborto possa ser realizado.

Os profissionais da saúde trabalham segundo a Norma Técnica de Prevenção e Tratamento dos Agravos Resultantes da Violência Sexual contra Mulher Adolescente (Brasil, Ministério da Saúde, 2012). Assim diz o documento na página 76:

“Não há indicação para interrupção da gravidez após 22 semanas de idade gestacional. A mulher deve ser informada da impossibilidade de atender a solicitação do abortamento e aconselhada ao acompanhamento pré-natal especializado, facilitando-se o acesso aos procedimentos de adoção, se assim o desejar.”

O judiciário não reconheceu as  normas oficiais de assistência à saúde, e definiu o futuro da menina, sem respeitar o trabalho de gerações, no que concerne à saúde da criança/adolescente.

A Menina de Santa Catarina não pode ser a pessoa que será julgada. Pode ter sido uma relação consensual? Sim. Quem seria o autor do crime? Porque mesmo consensual, é crime. Isto fica para a polícia responder.

Os responsáveis legais pela Menina de Santa Catarina são sua mãe e seu pai/ padrasto. Fica evidente o comportamento de negligência, porque a menina sofreu os abusos em sua casa, num local que deveria ser de proteção. Aliás, proteção esta, obrigatoriamente, ofertada pelos pais.

Aqui se insere o conceito de maternagem. Qualquer mulher pode ser mãe, daí o conceito de maternidade. Entretanto, poucas desenvolvem a maternagem. Maternagem é zelo, dedicação, abnegação, proteção, responsabilidade, amor. Algumas mulheres nascem com o dom da maternagem. Outras, o constroem através da sua experiência de maternidade, ou mesmo antes dela.  Maternagem é aprendizagem e arte. O mesmo se aplica ao conceito de paternagem.

A Menina de Santa Catarina deveria ter os cuidados da mãe. Onde estaria a mãe nesta história? Ela, em nenhum momento, percebeu que havia algo diferente com a filha?

A família optou pelo aborto, mesmo orientada sobre a complexidade do procedimento.

Ela voltará para casa, a Menina de Santa Catarina? Voltará para o mesmo ambiente onde engravidou? Qual será o seu futuro? Uma nova gravidez?

Mais uma brasileira, que nestas circunstâncias, trocará as brincadeiras de criança e seu tempo adolescente pela dúvida, pelo medo, e, talvez, por uma vida precoce do “ser mulher”!

 

 

 

12 de dezembro de 2025
Durante a cerimônia nacional do SAEME-CFM, realizada no dia 3 de dezembro em Brasília, o diretor da Faculdade de Medicina de Petrópolis (FMP), Dr. Álvaro Veiga, recebeu a certificação de acreditação das mãos de um egresso da casa, o médico Mauro Luiz de Britto Ribeiro, atual coordenador do SAEME-CFM. Também participaram da entrega a secretária executiva do SAEME-CFM, Patricia Tempski, e o coordenador executivo do SAEME-CFM, Milton de Arruda Martins.
12 de dezembro de 2025
O Centro Universitário Arthur Sá Earp Neto e a Faculdade de Medicina de Petrópolis iniciarão o ano de 2026 com novidades em seus Programas de Residência. A Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM) acaba de aprovar a criação de dois novos programas de residência médica - Infectologia e Medicina de Família e Comunidade (Ano Adicional em Saúde Mental). Paralelamente, a Comissão Nacional de Residência Multiprofissional em Saúde (CNRMS) autorizou a expansão das especialidades do Programa de Residência Multiprofissional em Atenção Básica, que passa a incluir Odontologia e Fisioterapia. A reitora do Centro Universitário Arthur Sá Earp Neto/Faculdade de Medicina de Petrópolis, Maria Isabel de Sá Earp de Resende Chaves, destaca que a ampliação reafirma a missão acadêmica da instituição. “A ampliação da oferta de residências reforça nosso compromisso com uma formação conectada às necessidades sociais e às políticas públicas de saúde. Investir na formação de especialistas em áreas estratégicas como infectologia e saúde mental significa formar profissionais preparados para atuar onde a população mais precisa, fortalecendo o SUS e contribuindo diretamente para o desenvolvimento regional e nacional. Também avançamos ao expandir a Residência Multiprofissional, fortalecendo a formação integrada entre diferentes áreas da saúde e ampliando nossa capacidade de oferecer um cuidado mais completo, humano e alinhado às demandas reais dos serviços de saúde”, destacou. Os novos programas de residência médica ampliam ainda mais a capacidade da UNIFASE/FMP de responder às necessidades reais de saúde do município e do país. A infectologia ganhou protagonismo durante a pandemia e segue essencial, especialmente diante de conquistas recentes, como a eliminação da transmissão vertical do HIV no Brasil, um marco que reforça a relevância dessa especialidade. Já a saúde mental integrada à atenção básica é um pilar estratégico do SUS, garantindo acesso, continuidade do cuidado e uma visão mais humana e longitudinal do paciente. O coordenador de Residência Médica da UNIFASE/FMP, professor Miguel Koury Filho, destaca que as novas formações reforçam o compromisso institucional com uma medicina alinhada às demandas contemporâneas.“Esses programas chegam para qualificar ainda mais a formação médica, preparando profissionais capazes de atuar com excelência nos diferentes níveis de atenção, tanto em doenças infecciosas quanto em saúde mental. É um avanço importante para o cuidado integral da população”, afirmou. A coordenadora de Residência Multiprofissional e Uniprofissional em Saúde da UNIFASE/FMP, Thaise Gasser Gouvêa, lembra que a proximidade com a rede municipal é um diferencial na formação. “A UNIFASE/FMP é uma Instituição de Ensino Superior que está fortemente alinhada com a rede de saúde do Município, o que confere aos nossos Residentes a certeza da formação de qualidade e vivência prática nos equipamentos de saúde de nossa região. É uma iniciativa que potencializa a formação em saúde e a assistência das demandas de saúde nacionais e locais”, pontuou. Programas de Residência Médica, Residência Multiprofissional e Residência em Enfermagem A UNIFASE/FMP oferece, por meio do Programa de Residências Médicas, as especializações em Anestesiologia, Cirurgia Geral, Cirurgia Oncológica, Clínica Médica, Ginecologia e Obstetrícia, Medicina de Família e Comunidade, Medicina Intensiva, Pediatria, Radiologia e Diagnóstico por Imagem, Radiologia e Diagnóstico por Imagem - Ano Adicional, Neonatologia, Endoscopia, Urologia e o mais novos programas de Infectologia e de Medicina de Família e Comunidade – Ano Adicional em Saúde Mental. Há, ainda, o Programa de Residência em Enfermagem, com especializações em Terapia Intensiva, Oncologia e Obstetrícia. Já o Programa de Residência Multiprofissional em Atenção Básica passa a contar com vagas para profissionais das áreas de Odontologia, Fisioterapia, Nutrição, Psicologia e Enfermagem. Os profissionais da área da saúde que desejam fazer uma especialização na Faculdade de Medicina de Petrópolis (FMP) e no Centro Universitário Arthur Sá Earp Neto (UNIFASE) devem ficar atentos aos processos seletivos do ENARE (Exame Nacional de Residência em Saúde). O processo seletivo 2025/2026 já encerrou as inscrições e, em janeiro, será iniciada a fase de escolha dos cenários, com divulgação dos programas já disponíveis. A UNIFASE/FMP está cadastrada como Fundação Octacílio Gualberto, com cenários de prática no Hospital Alcides Carneiro para a área médica e uniprofissional, e na Secretaria Municipal de Saúde para a multiprofissional. Outras informações estão disponíveis no site www.unifase-rj.edu.br/pos-unifase/programas-de-residencia .
10 de dezembro de 2025
Pelo 12º ano consecutivo, o Centro Universitário Arthur Sá Earp Neto/Faculdade de Medicina de Petrópolis (UNIFASE/FMP) recebeu o Selo de Instituição Socialmente Responsável, concedido pela Associação Brasileira de Mantenedores de Ensino Superior (ABMES). A certificação reconhece iniciativas que fortalecem o bem-estar social, a promoção da saúde, a sustentabilidade e o desenvolvimento da comunidade. A UNIFASE/FMP se destaca por ações que ultrapassam os limites da sala de aula, envolvendo projetos de extensão e programas voltados para acessibilidade, educação ambiental, cuidado com a saúde e inclusão. Tais iniciativas evidenciam o compromisso institucional com práticas solidárias e sustentáveis que impactam diretamente o território. “Cuidar das pessoas e das comunidades faz parte da essência da UNIFASE/FMP e isso orienta toda a nossa prática pedagógica”, afirma o coordenador de Extensão da instituição, Ricardo Tammela. A reitora da UNIFASE/FMP, Maria Isabel de Sá Earp de Resende Chaves, ressalta a relevância desse reconhecimento. “Receber o Selo de Instituição Socialmente Responsável pela 12ª vez evidencia nosso compromisso com a formação cidadã e com o cuidado com a comunidade na qual estamos inseridos. Esse reconhecimento nos inspira a continuar investindo em ações que promovam um futuro mais justo e sustentável”, destaca. Resultados que mostram o impacto coletivo Ao longo de 2024 e 2025, a instituição alcançou importantes avanços ambientais graças ao engajamento de estudantes, colaboradores e da comunidade. Entre os resultados mais expressivos: • 9 toneladas de resíduos reciclados desde janeiro de 2024 • 180 quilos de tampinhas plásticas destinados ao projeto Dog’s Heaven • 242 litros de óleo de cozinha arrecadados em apenas oito meses para o projeto INCluir Petrópolis Além das campanhas de lacres (Anel de Solidariedade), tampinhas da esperança e óleo de cozinha usado, a UNIFASE/FMP ampliou seu ecoponto, passando a coletar também vidro, pilhas e baterias, lâmpadas e embalagens de medicamento (blister). Na instituição, além da separação adequada dos resíduos, todo o material recebe a destinação correta para garantir reutilização segura e redução de impactos ambientais. “Nossa preocupação vai além da segregação. Nosso foco é garantir que os resíduos tenham a destinação correta para evitar que poluam o meio ambiente e que sejam reciclados ou reutilizados corretamente”, explicou a engenheira Thamyres Marcolino, presidente da Comissão de Sustentabilidade da UNIFASE/FMP. Onde doar O ecoponto principal fica localizado no Campus Barão, no estacionamento coberto, na Avenida Barão do Rio Branco, 1003 – Centro e funciona de segunda a sexta, das 8h às 18h. A instituição também disponibiliza suas unidades de saúde como pontos de coleta de tampinhas plásticas e óleo de cozinha usado, de segunda a sexta, das 8h às 17h, com intervalo de almoço das 12h às 13h: Ambulatório Escola: Rua Hyvio Naliato, 869, Samambaia. PSF Estrada da Saudade: Rua Estrada da Saudade, 160. PSF Machado Fagundes: Rua Drº Paulo Rudge, 238. PSF Nova Cascatinha: Rua Hyvio Naliato, 951. PSF Boa Vista: Rua Henrique João da Cruz, 300.